Beatriz Campos (TOSCA)'s profile

FBAUP | LDC | 1º ANO | INTRODUÇÃO AO DESIGN | PROPOSTA5

PROPOSTA 5.
A responsabilidade ética e social do Design
Concluindo a Unidade Curricular, a Proposta 5 levou-nos a refletir sobre a responsabilidade ética e moral intrínseca ao design, e como este pode favorecer a divulgação de causas sociais. Foi-nos aconselhado escolhermos uma causa ou acontecimento que nos fosse familiar, criando uma relação de proximidade e emocionar com o nosso trabalho. Era pedido a construção de uma publicação A5, com aproximadamente 12 páginas, para além de pelo menos um cartaz publicitário, no formato A2. 
Tendo isto em consideração, escolhi abordar o abuso sexual de crianças e jovens, uma vez que se trata de uma realidade bastante preocupante para mim e ocorre com mais frequência do que nos apercebemos. Comecei por fazer uma pesquisa extensiva aos organismos de combate ao abuso sexual e de apoio à vítima, como a APAV e o Programa CARE, assim como estatísticas que me informassem mais sobre a faixa etária de crianças e jovens afetadas, ambientes em que os abusos ocorrem, duração médias, entre outros dados. 
Estruturando toda a informação que recolhi e atendendo aos dados mais importantes, que destaco abaixo: 

A maior parte das vítimas tem idades compreendidas entre os 12 e 14 anos; 
O abuso sexual é considerado um crime de ordem semipúblico, pelo que apenas a vítima pode apresentar queixa, sendo essencial o testemunho em primeira pessoa quando possível; 
Metade dos abusos sexuais acontecem dentro do ceio familiar e são perpetrados por elementos da família mais próximos; 
Por norma, a vítima é sempre coagida a não denunciar estes abusos, sob ameaça de represálias; 
Os abusos de considerada longa duração prolongam-se durante uma média de 1 a 3 anos consecutivos, antes de serem denunciados; 

Defini a faixa etária a quem dedicar este trabalho, e qual o objetivo da campanha: 
Uma campanha de prevenção e apoio à denuncia de abusos sexuais de crianças e jovens, para as crianças e jovens. Destina-se a crianças entre os 11 e os 13 anos de idade e tem como focos de distribuição as escolas e instituições escolares. Tem como título “Isto NÃO é brincadeira de crianças”, fazendo um paradoxo com as imagens a usar, compostas por brinquedos e jogos infantis, com mensagens subliminares sobre o abuso. 
Foi igualmente através desta pesquisa que defini uma das características essenciais desta publicação. Ao visitar o site da APAV, reparei num pequeno botão, à direita da tela. Este atalho, quando selecionado, abre automaticamente uma página de pesquisa web em branco, permitindo que vítima, na eventualidade de o agressor se aproximar do ecrã, possa esconder a página da APAV, para não alertar desconfiança para a sua intenção de procurar ajuda e denunciar a situação. 
Desta forma, a capa da publicação assemelha-se à capa de uma sebenta escolar, um caderno de apontamentos bastante comum nas mochilas das nossas crianças. Com uma capa caracterizada como material escolar, a criança vítima pode ter consigo esta publicação sem levantar suspeitas, considerando que o seu agressor pode ser um dos pais ou algum elemento da família. 
A publicação em si consiste em 7 “NÃOS”, direcionados às crianças, que desmistificam os mecanismos de manipulação usados pelos agressores e mitos em que acreditamos, que incentivam a criança a procurar denunciar estes acontecimentos e que disponibilizam meios para o fazer. É importante demonstrar à criança que: 

NÃO está certo... Quando a criança não pode autodeterminar-se sexualmente; 
NÃO é amor... Quando a criança é manipulada e sujeita a atos desadequados à sua maturidade física, mental e emocional; 
NÃO é só às meninas... Quando também acontece ao sexo masculino e há uma desvalorização generalizada do impacto que o abuso tem neste género; 
NÃO é melhor deixar estar... Quando a criança é privada da sua liberdade e é afetada física, psicológica e emocionalmente por estes acontecimentos; 
NÃO tens culpa... Quando mesmo que possa ser discutido algum avanço por parte da criança, a responsabilidade é inquestionavelmente do adulto; 
NÃO estás sozinho/a... Quando há instituições que procuram ajudar a vítima, com apoio psicológico, jurídico, social, entre outros; 
NÃO pode continuar... Quando a criança sentir segurança deve falar com um adulto em quem confie, ou ligar diretamente para a linha CARE da APAV. 

Cada “NÃO” contém uma mensagem semelhante às mensagens acima e uma ilustração correspondente, composta por um brinquedo ou jogo que representa a situação em que a criança se encontra. 
Estas ilustrações foram desenhadas analogicamente e manipuladas através do programa Adobe Photoshop, onde alterei a cor do traço feito a caneta e adicionei texturas, elementos geométricos e fotográficos para complementar a ilustração e trazer alguma dinâmica às imagens. Os cartazes remetem para os “NÃOS” da campanha e incentivam ainda mais a denúncia. Estas ilustrações são complementadas com frases simples e em escala grande, destacando-se ao longe. 
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