Resenha capítulo 2 “Durkheim e o nascimento da sociologia como disciplina científica”, disponível no livro “Textos Básicos de Sociologia – de Karl Marx a Zygmunt Bauman”
Durkheim e o nascimento da sociologia como disciplina cientifica, capítulo do livro “Textos Básicos de Sociologia – de Karl Marx e Zygmunt Bauman”, expõe a visão e defesa de pensamento do francês, Émile Durkheim, sobre o “fato social”, termo totalmente novo e distinto do objeto de estudo de outras áreas do conhecimento. O capítulo reúne trechos encontrados na conclusão do livro As regras do método sociológico, onde Durkheim defende que os fatos sociais vão além das consciências individuais que o ser humano possui, por se tratar de algo que o antecede. Desta forma, o sociólogo afirma no decorrer da leitura que todo o “individual” é resultado de uma consciência pública ou pública que é imposta aos indivíduos dentro da sociedade.
A obra se inicia com a explicação do que seria um “fato social” de maneira clara e com exemplos fáceis de serem compreendidos nos dias atuais pois abrange fatos cotidianos que por vezes pode-se não perceber a interferência do meio social, em nossos atos e pensamentos do dia-a-dia, como se descreve por meio deste trecho “Quando desempenho meu papel de irmão, esposo ou cidadão, ou assumo os compromissos que firmei, cumpro deveres definidos, fora de mim e de meus atos, no direito e nos costumes. Mesmo quando estes coincidem com meus sentimentos e sinto intimamente sua realidade, esta não deixa de ser objetiva; pois não fui eu quem o estipulei, tendo-os recebido por intermédio da educação.” Desta forma, a educação é descrita com um fato social por e tratar de um mecanismo para moldar, desde muito jovens, os indivíduos ao meio social em que estão inseridos.
Além da educação, tem-se outros fatos sociais dentro de nossa sociedade como a religião, por exemplo. O fiel já encontra as crenças pré-estabelecidas na igreja, todos os ensinamentos são reflexo de um livro escrito a milhares de anos, que foi passado de geração a geração. É muito provável que a pessoa que vai a igreja, que segue uma determinada religião, sofreu influência por meio de seus familiares, assim, adotando como uma vontade própria algo que involuntariamente foi “implantado” em sua mente. “Não só esses tipos de comportamento ou de pensamento são exteriores ao indivíduo, como dotados de um poder imperativo e coercitivo graças ao qual, queira ele ou não, se lhe impõe.” Os métodos para que esta doutrina de pensamentos e ações ocorram são diversos e podem ser voluntários ou involuntários, mas geralmente ocorrem pela necessidade do ser humano por aceitação, já que ao se recusar a adotar um determinado “estilo” imposto, por exemplo, o isolamento será iminente.
A leitura flui de maneira leve e sem complicações, por trazer os ensinamentos de Durkheim para uma realidade próxima à nossa e propõe um olhar para o interior e o questionamento “quanto do que vivo se baseia na minha vontade e não no meio coletivo em que me encontro?” “[...] É feito o ar, que não deixa de ser pesado a despeito de não sentirmos seu peso. Quando colaboramos espontaneamente e por iniciativa própria para a emoção comum, a sensação que temos é completamente diferente da que teríamos se estivéssemos sozinhos. Assim, uma vez dispersada a assembleia, quando as influências sociais cessam de agir sobre nós e nos vemos a sós conosco mesmos, os sentimentos pelos quais passamos nos causam o efeito de alguma coisa estranha que não reconhecemos mais."
Ao final do capítulo de Émile Durkheim há uma conclusão onde o autor expressa seus pensamentos sobre todo o contexto explicitado sobre os fatos sociais, trazendo argumentos que reforçam a veracidade e um panorama de como se deu o estudo. Além disto, há um trecho em que os pesquisadores do assunto concluem seus pensamentos sobre o princípio do método sociológico “Talvez esse conjunto de regras soe inutilmente complicado, se o compararmos aos procedimentos corriqueiramente empregados. Todo esse aparato de precauções pode parecer muito laborioso para uma ciência que, até agora, não exigia, daqueles que a ela se dedicavam, senão uma cultura geral e filosófica; e, com efeito, é certo que a colocação em prática de tal método não terá como efeito vulgarizar a curiosidade pelas coisas sociológicas."
