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PRIMEIRO LUGAR - Concurso Sede Projetou

O projeto surge de um método engajado com questionamentos éticos (quais valores e narrativas podem implicar o partido arquitetônico) e a busca por uma solução que articule a expressão fenomenológica de volumes, vazios, texturas, cores, luz e sombra, atenta à dimensão sensível da experiência do espaço. Aqui, a arquitetura se coloca como uma lição: sendo a construção um agente da interação humana, potencialmente intensa na metrópole diversa, o prédio é uma soma de posturas ideológicas desenhadas já a partir da definição do programa.

Buscou-se atender ao maior número de atividades sem muito fugir à recomendação de 470 m² construídos. Visto o excesso que representava o programa sugerido frente a área trabalhada, optou-se pela retirada de funções consideradas anexas (estacionamento, auditório) em prol da qualificação da parte educacional essencial. A área construída definitiva ficou em 525 m².
O partido vai elevar o programa específico (educacional-administrativo) em relação à rua, abrindo o térreo para um contato orgânico com a paisagem urbana e com a disposição de áreas permeáveis arborizadas. A cafeteria, considerada como ponto de colisão com a esfera pública, ocorre próxima da esquina para aderir o edifício ao cotidiano de comunidade externas.

No canto sudoeste do lote, um átrio expande a percepção espacial para formar o universo autônomo da arquitetura, um ambiente solene e pitoresco para o qual se voltam janelas e circulações. Traço vital ao funcionamento do edifício, o átrio media o apaziguamento dos recintos ao expressar uma estabilidade antagônica ao frenesi metropolitano, qualificando espaços de ensino com luz difusa e ventilação constante (tornando-os independentes do condicionamento artificial). Arborizado e aberto no térreo, o átrio reafirma a aspiração cívica do partido.​​​​​​​
Salas de aula são configuradas de formas únicas em disposição e morfologia, não existindo pavimento tipo. No primeiro piso, uma praça elevada atua como espaço de socialização para a comunidade discente e docente, também situando o usuário frente ao prédio e à cidade para qual tem vista.
Um invólucro de policarbonato torna o conjunto formalmente coeso, também sendo sugestivo em suas dimensões de leitura: do exterior, a semi-transparência sugere a natureza dos usos internos sem entregar respostas objetivas; do interior, a vista da cidade aglutina numa informação amorfa, isolando a escola em sua própria dinâmica, intensificando seus lugares. Atuando como fachada ventilada, o vão de 50cm entre invólucro (sujeito a radiação) e interiores se torna um vetor para exaustão de ar.

O esqueleto estrutural - pisos, pilares e vigas - é de madeira engenheirada, material escolhido por seu valor sensorial e didático: a arquitetura, assim, se afirma como agente de mudança, utilizando uma tecnologia superior aos paradigmas tradicionais da construção, ambientalmente degradantes. Com 280m3 de madeira, a estrutura corresponde a 149 toneladas de C02 retirados da atmosfera, dotando o edifício de papel regenerativo, e não meramente neutro.
Na soma das decisões projetuais, o partido se torna um catalisador do aprendizado, com o espaço tencionando nossos preconceitos e noções mais intrínsecos. Só assim, desafiando a consciência, que nos abrimos a novas perspectivas e concretizamos o aprender.
PRIMEIRO LUGAR - Concurso Sede Projetou
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PRIMEIRO LUGAR - Concurso Sede Projetou

Conceito de edifício escola premiado no primeiro concurso nacional Projetou. A proposta buscou trabalhar com princípios como manutenção de urbani Read More

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