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Batman - roteiro para podcast

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Batman - roteiro para podcast
Sobre o projeto:
Livrocast Série Heroes (Gramophone Podcasts)
Trata-se de um podcast que utiliza as histórias de super-heróis e outros personagens da cultura pop para ajudar no desenvolvimento pessoal dos clientes ouvintes.
O trecho a seguir está publicado com autorização do proprietário, exclusivamente para este portfólio, e não deve ser reproduzido em outros meios.

As pessoas que passam por traumas têm as mais diversas reações. Algumas chegam a desenvolver estresses e cicatrizes psicológicas que necessitam de acompanhamento profissional para serem superados. Outras, apresentam maior facilidade para lidar com eventos traumáticos, e logo voltam à vida normal.

Mas podemos dizer que ninguém lidou com um trauma de forma semelhante ao Bruce Wayne. Quando ele era criança, viu seus pais, Thomas e Martha Wayne, serem assassinados após um assalto. Abalado, o Bruce utilizou a fortuna da sua família e dedicou a vida a aperfeiçoar a sua mente e corpo para combater o crime e a injustiça em sua cidade, Gotham City. Para provocar medo nos criminosos, ele passou a utilizar um traje inspirado em morcegos e equipou-se com toda a tecnologia de combate e investigação que seu dinheiro pôde comprar. Assim nascia o vigilante e herói, Batman, o homem morcego.

Desprovido de superpoderes, o Batman treinou o seu intelecto para auxiliar no combate ao crime. Ele é um gênio, considerado o maior detetive do mundo. Para despistar a sua identidade secreta, Bruce Wayne faz questão de posar para os jornalistas das colunas sociais de Gotham como um playboy irresponsável, preguiçoso e mulherengo. Mas a sua verdadeira e secreta natureza tem muito mais a ver com o Batman: ele é sombrio, calculista, tem desprezo por contatos sociais e pelos luxos de ser um milionário. O Batman é um vigilante frio, determinado, implacável e até mesmo violento, quando necessário.

Essa personalidade forte do Batman nos dá uma pista do motivo que fez o vigilante desprezar os repetidos contatos do Superman, quando a Liga da Justiça precisava das habilidades dedutivas do Homem Morcego após vários ataques aos seus membros. Isso aconteceu no arco de histórias “Torre de Babel”, publicado no ano dois mil. O Batman estava muito ocupado investigando o desaparecimento dos corpos do túmulo dos seus pais e, por esse motivo, ignorou os repetidos contatos do Superman pedindo auxílio.

Os ataques à Liga da Justiça foram orquestrados por um dos maiores vilões do Batman, o Ra's Al Ghul. Seu objetivo era neutralizar os maiores heróis da Terra, que eram também os seus maiores obstáculos para o plano de reduzir a população do planeta a um número mais “controlável”, nas palavras dele. Para isso, o vilão atacou cada integrante da Liga de uma forma específica, conforme as suas fraquezas.

Para exemplificar, sem perder tempo com detalhes, o Aquaman foi infectado por uma toxina que causou nele fobia de água. Sem água, ele morreria em pouco tempo. Na Mulher-Maravilha, foi implantado um chip de realidade virtual que a fez pensar que estava enfrentando um inimigo equivalente a ela em todos os sentidos. Ela não conseguia parar de lutar, e faria isso até morrer por um ataque cardíaco. O Flash foi atingido por um projétil vibratório que o fazia ter convulsões na velocidade da luz. Foi pouco mais de vinte minutos convulsionando, mas, na percepção do Flash, passaram-se meses. E o Superman foi exposto a um isótopo artificial de kryptonita vermelha que deixou a sua pele translúcida. Como os poderes dele vêm da exposição ao sol, ele teve uma sobrecarga de todos os seus sentidos. Nesse estado, ele poderia ouvir conversas em qualquer lugar da Terra, mesmo estando na Lua. Isso deixou o Superman, assim como todos os outros membros da Liga da Justiça, incapacitado.

Além dessas, outras estratégias de igual engenhosidade foram usadas para neutralizar o Homem-Borracha, o Caçador de Marte e o Lanterna Verde. Curiosamente, o Batman não foi atacado, apenas distraído com uma investigação pessoal e interminável, em busca dos corpos dos seus pais. Investigação que levou o vigilante por uma procura pelo mundo todo.

Mais tarde, depois de ter recuperado os corpos dos pais e descoberto que Ra's Al Ghul foi o responsável pela violação, o Batman retorna para a base da Liga da Justiça, onde os outros membros se recuperam dos ataques. Então ele revela aos seus colegas, com toda a frieza que é característica do Batman, que o Ra's Al Ghul só sabia como derrotar cada membro da Liga da Justiça porque roubou as informações da Batcaverna. Eram planos de contingência que o próprio Batman traçou, para o caso de os heróis da Liga serem controlados por algum vilão. Assim ele, mesmo sem ter poder algum, conseguiria derrotar seus amigos.

Este é o Batman. Com a inteligência e a frieza necessárias para derrotar qualquer um, mesmo que sejam os seus aliados, mesmo que sejam poderosos a ponto de se comparar a deuses. Com acesso à tecnologia e a combinação de conhecimentos muito à frente da humanidade, ele faz o que for preciso para combater o mal, o mesmo mal que o deixou órfão. Não importam as consequências. No caso da Torre de Babel, a consequência foi uma votação para decidir se o Batman deveria ou não permanecer na Liga da Justiça. Ele, que nunca foi totalmente a favor de trabalhar em grupo, anunciou que sairia voluntariamente antes que o Superman pudesse dar o voto de desempate.

O Batman é um herói enlutado. Não é só pelas roupas escuras que usa para combater o crime, mas por pautar todas as suas ações na busca pela justiça e pela vingança pela morte dos seus pais. Ele está constantemente lembrando do ocorrido, sofrendo por isso e se culpando por não ter feito nada para ajudar seus pais ou impedir o assassinato deles. Mesmo sendo uma criança na época em que toda essa tragédia aconteceu.

Conhecer intimamente as motivações do Batman é uma oportunidade para se aprofundar nas fases do luto, como passar por elas ou mesmo como ajudar uma pessoa que esteja passando por essa situação. O luto não diz respeito apenas a pessoas que tiveram entes queridos falecidos, mas também àquelas que passaram por perdas significativas para elas e até mesmo para pacientes terminais. É um processo psicológico que leva gradativamente à adaptação de uma pessoa a uma perda e à aceitação de uma nova realidade.

Cada pessoa tem o seu próprio tempo para assimilar e superar o luto, assim como as suas próprias reações. Mas, independentemente da pessoa, é necessário compreender que superar o luto não se trata de reprimir as emoções. É preciso compreender que reprimir as emoções não faz com que elas desapareçam, mas traz consequências indesejadas. Consequências psicológicas, físicas e sociais. 
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