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Douro Faina Fluvial – 90 anos

Douro Faina Fluvial – 90 anos
Esta curta metragem baseia-se numa reinterpretação do filme “Douro Faina Fluvial” de 1931 de Manoel de Oliveira. Realizado e idealizado por um grupo de alunos, Alexandre Piedade, Bernardo Gaia, Eva Sendas e Maria Guedes, estudantes da faculdade de Arquitetura e de Belas Artes da Universidade do Porto. Esta equipa multidisciplinar decide responder à segunda proposta, da cadeira Cinema e Arquitetura 2020/21, lecionada pelo Professor Luís Martinho Urbano, com uma reinterpretação pessoal do filme de Manoel de Oliveira com um olhar subjetivo e objetivo pela cidade do Porto e a sua interação e interligação com o Rio Douro na atualidade dos nossos dias.
Pretende-se com esta reinterpretação chamar a atenção do espetador para a diferença existente num período exato de 90 anos.


A velha mui nobre e leal invicta cidade do Porto é retratada no presente, demonstrando uma clara evolução num olhar direto e verdadeiro pela arquitetura, pessoas, objetos e natureza da mesma.
Permite ao espectador notar o que mudou, mas também o que permaneceu, o que é símbolo do antigo e o que é a modernização e evolução da mesma. Quase como num jogo de diferenças. É de salientar onde antes existiam barcos operários, trabalhadores, bois e carvão, hoje existem barcos turísticos, viajantes, carros e energia elétrica.
Infelizmente, é facilmente observável a crítica feita à situação vivida nos dias de hoje, onde é claro o enclausuramento do povo Portuense, onde nos propusemos propositadamente efetuar a filmagem num dia de recolher obrigatório. Muito em parte devido à pandemia vivida no presente tempo causada pelo vírus do Covid-19. Quase não existem pessoas, quando comparado com os anos anteriores, praticamente não existe movimento e esse que que existe, é lento e retratado através da natureza e por escassas figuras humanas.
Existe uma critica face á comercialização e “venda” da zona nobre do Porto, muito direcionada para os estrangeiros. Contudo, quando estes não existem a vida na cidade diminui substancialmente. Gerando-se assim uma aura de calma e serenidade, vivida atualmente na cidade.
Completamente contrapostas aos dias de antigamente (1931) onde o Porto era do operário e do próprio Portuense.
O filme inicia-se pelo final de um extenso percurso de 897 km, inicia-se lentamente, e com planos longos onde nos são apresentadas metáforas visuais, representadas pela ideia do mar, ou seja, o fim do rio e pelo pescador solitário. A utilização do farol, é a personificação da esperança e trás consigo a ideia da luz que ilumina uma vasta e extensa zona de escuridão. Isto é o mesmo que o Douro traz ao Porto, uma vida desmesurável.
Com o decorrer do tempo e acompanhado pela banda sonora, o filme sobe rio acima, passa por barcos, pessoas e arquitetura. Culminando com um plano de um travelling até à berma do tabuleiro superior da ponte D. Luís onde a câmara “caí” em direção 
à água.

E, no entanto, o Porto não perdeu a sua austeridade granítica, o céu cor de chumbo, um encanto de uma velha senhora, que décadas passadas, ainda conserva o seu charme e elegância.
Em transformação, as suas artérias continuam a correr-nos nas veias, porque embora turística, com renovação de gosto duvidoso, continua a manter um espírito pequeno-burguês e operário.
Porque esta cidade, mais que os seus edifícios ou modos de vida, é a gente que a habita por dentro, a sua alma, com esse espírito permanece e renova-se a cada momento da sua história.
Douro Faina Fluvial – 90 anos
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Douro Faina Fluvial – 90 anos

Reedição Douro Faina Fluvial de Manoel de Oliveira

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