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Politize! | Golpes Militares

Texto produzido para o portal Politize!. Confira a publicação original clicando aqui.
5 golpes militares que marcaram a história mundial
Você provavelmente já ouviu falar a respeito de golpes militares, certo? Esse é um assunto muito presente em discussões políticas, que faz parte da História do Brasil e de inúmeros outros países. Neste texto, iremos compreender melhor o que é um golpe militar e conhecer cinco exemplos marcantes. Vamos lá? 
O que é um golpe militar?
Para entendermos o que é um golpe militar, precisamos, primeiramente, conhecer o conceito de Golpe de Estado.

Chamamos de Golpe de Estado as situações em que um governo constitucionalmente legítimo é ilegalmente derrubado por um grupo estatal ou político. Nem sempre há o uso de violência e em muitas situações existe o apoio da população, seja da maioria ou apenas de parte dela.

Quando quem derruba o governo são as forças armadas do país, nós denominamos a ação como um Golpe Militar

Pronto! Agora que já entendemos o conceito, vamos conhecer alguns exemplos:


5 golpes militares que marcaram a história

1. Chile (1973-1990)
Em 11 de setembro de 1973, um bombardeio sobre o palácio presidencial do Chile marcou o início da ditadura militar chilena e derrubou o presidente constitucionalmente eleito, Salvador Allende.

O golpe foi realizado por uma junta militar, comandada por Augusto Pinochet (chefe do exército do país) e apoiada pela Agência Central de Inteligência estadunidense, a CIA. Os opositores de Allende temiam a atuação de um governo declaradamente marxista que, como prometido nas campanhas, dava início a reforma agrária e a nacionalização de bancos, empresas estrangeiras instaladas no país e das minas de cobre do Chile. 

A partir de 1974, Augusto Pinochet assumiu a presidência chilena, onde permaneceu até o fim da ditadura, que foi decidido por meio de um plebiscito em 1990. O período ditatorial foi marcado por intensa repressão, o que ocasionou a morte de mais de 3 mil pessoas, enquanto outras 40 mil foram torturadas em prisões provisórias, como acontecia no interior do Estádio Nacional de Santiago. Além disso, o Chile vivenciou anos de forte desigualdade social, com o aumento de impostos, a redução de gastos públicos e a privatização das universidades.


2. Argentina (1976-1983)
Durante a madrugada do dia 24 de março de 1976, uma junta militar derrubou o governo da então presidenta Isabelita Perón. Nos anos que antecederam o golpe, a Argentina vivenciava um período politicamente conturbado e chegou a sofrer uma série de outras intervenções das Forças Armadas. Quando o novo regime se instaurou, os militares diziam estar agindo para conter a inflação, o desgoverno e, também, uma possível influência comunista no país — esse era o “Processo de Reorganização Nacional”, chefiado pelo general Jorge Rafael Videla, pelo almirante Emilio Massera e pelo brigadeiro Orlando Agosti. 

Assim que o poder foi tomado, Isabelita Perón, seus ministros e outros importantes políticos foram presos, além de inúmeros militantes, líderes sindicais, intelectuais e jornalistas considerados suspeitos. Era o início de um período marcado por perseguições, torturas e assassinatos, no qual cerca de 30 mil pessoas desapareceram ou perderam a vida. Entre os desaparecidos, a organização de direitos humanos argentina “Avós da Praça de Maio” contabilizou mais de 500 crianças. Apesar de todos os malefícios, a intervenção militar foi apoiada por parte da população em seus primeiros anos e, por isso, pode ser considerada uma ditadura civil-militar.

Ainda durante o regime, em 1982, a Argentina perdeu uma guerra travada contra o Reino Unido na tentativa de ocupar as Ilhas Malvinas. A derrota, somada à intensificação dos problemas políticos, civis e econômicos, enfraqueceu os militares e fez com que em 1983 eles assinassem a ata dissolutiva, colocando fim na sangrenta ditadura argentina. Mais tarde, todos os generais integrantes das juntas militares foram julgados e condenados por seus crimes.


3. Egito (1952)
Até 1952, o Egito vivia sob um regime político monárquico que descendia de Maomé Ali, considerado o construtor do Egito moderno. O fim da monarquia se iniciou por meio de um golpe militar quando, no dia 23 de julho daquele ano, um grupo de jovens oficiais do exército egípcio, liderado pelo general Muhammad Naguib e pelo coronel Gamal Abdel Nasser, derrubaram o então rei Faruque I, que estava no poder desde 1936. O “Movimento dos Oficiais Livres”, como foi denominado o golpe, tinha por motivação acabar com a ocupação britânica no Canal de Suez, estabelecer a república e garantir a independência do Sudão, que estava sob administração conjunta do Egito e do Reino Unido.

O general Naguib tornou-se o primeiro presidente do Egito e obteve conquistas importantes, como o início de grandes programas de industrialização, de reforma agrária e de urbanização. No entanto, após dois anos de governo, Naguib foi deposto e condenado à prisão domiciliar pelo coronel Nasser, de quem divergia em algumas questões políticas. A partir daí, em 1954, Gamal Abdel Nasser tornou-se o novo presidente do Egito e um dos mais importantes líderes árabes da História, sendo responsável pela nacionalização do Canal de Suez, além da continuidade da reforma agrária e da construção de uma hidrelétrica no trecho do Rio Nilo. Em setembro de 1970, três anos depois de perder uma guerra árabe-israelense, Nasser faleceu. Anwar Al-Sadat, então vice-presidente do Egito, assumiu o poder mantendo o país sob o controle das Forças Armadas. 


4. Portugal (1926-1974) 
Em 1926, militares liderados pelo general Manuel Gomes da Costa depuseram o então presidente de Portugal, Bernardino Machado, dando fim a um governo marcado por descontentamento econômico, político e social.

Durante os primeiros anos do regime, os oficiais não possuíam projetos políticos definidos e, por isso, tiveram dificuldades em reverter a instabilidade econômica do país. Em 1928, para que a situação fosse resolvida, Gomes da Costa pediu a António de Oliveira Salazar, um professor de Economia, que assumisse as funções do Ministério das Finanças. Enquanto obtinha sucesso na recuperação da estabilidade econômica de Portugal, Salazar acumulava intenso poder e reconhecimento.

Ainda em 1928, o general e presidente Gomes da Costa sofreu um golpe que encerrou o seu mandato e o exilou do país, tornando o oficial Óscar Carmona o novo líder do regime português. Junto com Carmona, Salazar deu início a uma grande reforma política, colocando em vigor a Constituição de 1933. Nascia, então, o Estado Novo, ou o salazarismo, um sistema político ainda mais autoritário e repressivo do que o anterior. Durante quatro décadas, António Salazar foi considerado o comandante de Portugal. 

Em 1968, devido a problemas de saúde, Salazar foi afastado da presidência do conselho de ministros e substituído por Marcello Caetano. Nesse período, o país voltava a enfrentar as dificuldades econômicas e os desgastes sofridos por guerras coloniais, o que colocou o Estado Novo em decadência. No dia 25 de abril de 1974, um golpe civil-militar conhecido como Revolução dos Cravos depôs o último presidente do regime, Américo Tomás, dando fim aos 48 anos da ditadura portuguesa e iniciando o processo de democratização no país.


5. Indonésia (1967-1998)
Em 1967, o general Hadji Mohamed Suharto, com o apoio das Forças Armadas indonésias, depôs e tomou o lugar de Sukarno, o então presidente do país. Um dos líderes na luta pela independência da Indonésia, Sukarno foi o primeiro governante do território e permaneceu no poder por 22 anos. Nesse período, existiam três principais forças locais: o exército, o partido comunista e os grupos islâmicos. 

Partido Comunista da Indonésia (PKI) era o segundo maior do mundo, com mais de 2 milhões de membros. Apesar de não fazer parte do governo, ele recebia a proteção de Sukarno e estava em constante crescimento. Os militares e islâmicos, opositores do partido, incomodavam-se com o posicionamento do presidente que vivia sob a ameaça de rebeliões. Em meio a esse período de alta tensão, em 1965, um grupo militar causou a morte de 6 generais e anunciou a instalação de um regime revolucionário, evento que ficou conhecido como Movimento de 30 de Setembro. O general Suharto, acreditando que o grupo estaria ligado ao PKI, iniciou uma perseguição aos comunistas, impedindo a tomada de poder. 

contragolpe de Suharto resultou em um dos maiores massacres da História. Estima-se que ao menos 500 mil pessoas ligadas ao Partido Comunista da Indonésia tenham sido mortas — alguns pesquisadores apontam que o número tenha sido superior a 1 milhão. Em 1975, oito anos depois de assumir a presidência, o general Suharto invadiu o Timor-Leste, país vizinho, e causou a morte de mais 100 mil pessoas durante as duas décadas de ocupação. Além das execuções e torturas, o general tornou-se responsável por uma das ditaduras mais corruptas do século XX. Suharto renunciou em 1998 por pressão popular e faleceu 10 anos depois, em 2008, devido a problemas de saúde.

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