Realizador
André Martins

 

Argumentistas
André Martins & Margarida Moura

 

Assistente de Realização
Margarida Moura, Rui Oliveira, João Batista

 

Diretor Fotografia
David Guimarães & Rui Oliveira

 

1º Operador de camara
André Martins, Rita Ramos, David Guimarães

 

2º Operador de camara
Rui Oliveira, Rita Ramos, Pedro Varela

 

Assistente de camara
Pedro Varela, Thomas, alunos do 1º Multimédia Operador/Técnico de som

 

Anotador/a de Cena
David Guimarães & Rita Ramos

 

Making of
Rita Ramos & David Guimarães

 

Designers Comunicação
Juliana Martins & Ricardo dos Santos

"Há trinta anos a seguir a sua natureza!"

 

Árvore, Escola de Ensino de Actividades Artísticas

 

 Em finais dos anos 60, um grupo de artistas e intelectuais da época decidem juntar-se e debater ideias. José Rodrigues, Calvet Magalhães, Rolando Sá Nogueira e Arnaldo Araújo pertenciam a essa pequena associação que pensava em fazer algo mais. Não se passava nada na cidade do Porto, além das manifestações revolucionárias dos partidários de esquerda. Assim, estes intelectuais procuram criar algo diferente, um espaço onde se pudessem realizar. Mais do que uma necessidade de mudar, era urgente fazer nascer o que não existia em lado nenhum em Portugal. Calvet Magalhães apelava para que existissem outras alternativas no ensino artístico: cursos totalmente inovadores face à época, muito fundamentados no ensinamento das escolas Bauhaus e Waldorf. Surge a Árvore, Cooperativa de Actividades Artísticas, que começou por organizar semanalmente seminários e palestras. Por um lado, em concorrência à escola de Belas Artes, nos quais os profissionais estavam principalmente interessados em formar artistas, sobretudo na área da pintura.

 A partir deste momento, a arte é reconhecida em todos os objectos, desde um talher, uma cadeira ou uma caneta e o seu conhecimento tornava-se especial desde logo na forma como era incutido às pessoas. O artista que se pretendia formar já não era alguém que produzia mecanicamente, de acordo com técnicas científicas e rigorosas mas alguém que utilizava a sua arte e criatividade para criar. No fundo, os estudantes da cooperativa eram ensinados a seguir a sua própria natureza, a tornarem-se melhores pensadores face ao espaço que os rodeia. Por isso foi fundado, inicialmente, o Arbusto, com o objectivo de fazer nascer um mundo aqui dentro. O espaço era direcionado para o ensino básico, no qual as crianças entravam em contacto com a área artística, ao mesmo tempo que aprendiam a ler e a escrever. A ideia foi crescendo continuamente até que, no início dos anos 90, decidem integrar na cooperativa o ensino secundário com o CIESA e, posteriormente, os cursos superiores, conseguindo promover uma agregação dos três patamares de ensino, no antigo edifício dos guarda-sóis. A questão mais contestada era a mistura de crianças e adultos no mesmo local. Os cursos superiores tinham estudantes com quarenta e cinquenta anos e a mistura com menores até aos 10 anos poderia não ser positivo. A desaprovação desta fusão pelo Ministério da Cultura e a zanga entre os membros da direcção provoca a separação do CIESA e dos cursos superiores da cooperativa, formando-se mais tarde a ESAP com essas duas entidades.
 

A Escola Artística e Profissional Árvore constitui-se em 1992 com os cursos profissionais, alterando a concepção clássica do ensino artístico, habituada a apreciar artes como a pintura e a escultura, passando-se a encontrar o design gráfico, o cinema de animação e a fotografia. A intenção dos docentes da Árvore, permanece até hoje: nesta escola o aluno receberia um ensino muito mais específico e direcionado, no qual se respeitaria o ritmo de cada um, direcionando as suas aptidões de acordo os fundamentos das escolas Bauhaus e Waldorf. Este ano em que a Árvore celebra três décadas de existência, considerei interessante concretizar um documentário, que sumarizasse, de forma cordial e criativa, não só os acontecimentos mais marcantes como também as pessoas que, nesta casa, fizeram história. O documentário tem uma duração de 10 minutos, contudo o material recolhido e analisado durante três meses de gravações, dava-me a possibilidade de construir algo ainda maior. De certa forma, torna-se ainda mais desafiante encurtar uma história tão longa que começou há muito mais que trinta anos. Com o tempo percebi que a mensagem da Árvore não está no tempo em que se formou porque, no fundo, esta casa sempre foi intemporal, contemporânea e fiel aos seus elementos. O segredo da Árvore está na sua essência, que não se modificou com o ambiente húmido de um edifício à beira-rio. Assim, o que há de puro e subtil neste espaço está guardado na natureza dos que, em algum momento da sua vida, aqui passaram.