Localizado no vale do Anhangabaú, o edifício Mirante do Vale não é apenas o maior arranha-céu da cidade de São Paulo, como sua arquitetura remete a principal característica da capital paulista, a força do trabalho. Com 170 metros de altura e mais de 1.000 salas comerciais o edifício enfrenta a dualidade da densidade de serviços com a mansidão e calma de uma das vistas mais privilegiadas da cidade. Densidade que acarreta períodos de 08, 10, 12 horas confinados em espaços compartilhados, quase sempre com janelas fechadas e ventilação mecânica, cuja dinâmica veloz não permite grandes pausas, sendo estas limitadas a minutos onde a distração da vista se limita a um único sentido. Assim o andar 43 surge como uma possibilidade experimental, não apenas de refugio, de trabalhar com os sentidos do olhar.

    Assim como um gato que se esgueira entre os peitoris de uma janela ou uma sacada passeando entre os limites de interior e exterior, exposto ao mesmo tempo e suas mudanças ao longo do dia, a proposta traz a liberdade de sentir uma brisa leve ou uma ventania mais forte, o frescor de uma chuva que se aproxima, bem como senti-la tocando em sua pele, caminhar e por que não repousar sobre o vale, ter uma visão ampla da história da cidade constada por meio de edifícios marcantes, experimentar a altitude de um gigante. Uma rede tensionada e flexível é firmada na estrutura do Mirante e conformada de maneira lúdica por balões de ar, não se contendo, projeta-se ao exterior a mais de 100 metros de altura sobre o viaduto Santa Ifigênia. A forma não é definida e o uso é aberto ao improviso dos usuários, local de encontros e conversas, mirante, local de repouso ou um café improvisado, onde cada pessoa poderá desfrutar de uma experiência exclusivamente individual.