tudo é gente
acrílica sobre impressão fotográfica, tam 32x24cm, dez 2020
 
 
 
Dizem meus avós, que antigamente
Antes de mim, você ou qualquer outro homo sapiens dominar o planeta
Tudo era gente: floresta, humanos e não humanos eram gente.
Havia a gente-onça, gente-papagaio, gente-árvore, gente-pedra; e a gente-gente
Todos inclusive, falávamos a mesma língua. Nos entendíamos.
O tempo também era outro, não havia relógios nem despertadores
O trabalho não era uma função acumuladora, mas de coletividade
Mas isto foi de um tempo que nem meus avós, nem nós vivemos
É do tempo antes do tempo
Hoje desconhecemos a língua dos pássaros e plantas
Das rochas, riachos e montanhas nem lembramos mais
Não nos entendemos nem com nossos vizinhos e moradores do mesmo planeta
 
Sei bem que aquele tempo, não podemos ter de volta
Mas podemos hoje, aprender a comunicação perdida
Quando começamos a pensar que existe um meio ambiente
Diferente de nós, humanos
Nestes tempos, enquanto não existe uma máquina do tempo
Que nos joguem de volta ao tempos do mundo-ancestral
Podemos voltar a entender que somos parte do planeta e não dominantes dele
 
A arte, indígena ou não pode servir como um mecanismo metafísico de tradução
Traduções das vozes da floresta, das pedras, da água e de todos os seres vivos
A arte indígena, pode ser aliada no entendimento de mundos
Pois ela mesmo, transita entre o ancestral e a plasticidade do mundo moderno
 
Artistas indígenas podem ser arte-xamãs que compartilham
Conhecimentos trazidos de todas as vozes
Inclusive daqueles que nem lembramos mais que existem
 
A arte é o que nos une
É a conexão entre o mundo ancestral e o mundo que queremos a partir de agora
tudo é gente
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