Banheira de Ossos
A banheira de ossos é uma uma pequena forma de conceitualizar o que sou e o que faço... agora no presente, experimentando um comportamento de (re)existência.

Numa era onde homens vivem como gados.
Tudo é alegoria.
Gado é metáfora de homem e vice-versa.
Numa era onde o homem só pensa em papel, o gado só pensa em pasto.
E ali no meio de uma fazenda desativada está ela, a banheira, branca, de porcelanato onde a natureza é quem ressignifica a criação do homem. Sua utilidade agora é alimentar o gado que ali habita, aglomerados em meio ao caos e desespero, presos em caixas.
A banheira está ali, livre e despretensiosa, me convidando, à despir me e banhar me com ossos da liberdade.
Os ossos, nossa mineral essência, nossa tímida e oculta eternidade. Já que nosso corpo é tempo, esgotado o tempo que nos é cabido, termina nosso corpo e o que fica, é o não tempo, os ossos.
Nessa dualidade da existência, por um breve instante não me pareceu banal, o gado nem o homem.
A banheira, os ossos, meu corpo e toda a memória nela contida suscita um ar de liberdade, que prova que vejo de fora.
Banheira de Ossos
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