Felicidade ameaçada pela moda
Os estereótipos vieram para ficar. A forma ágil como as pessoas processam suas características físicas e as transformam em uma única palavra, pertencente a um grupo generalizado e existente no imaginário da sociedade, reforçado pela mídia e ensinado as próximas gerações. Estão presentes em cada âmbito no qual vivemos e são utilizados a todo tempo. Entretanto, essa imagem preconcebida desencadeou uma série de preconceitos com grupos minoritários. 

Os preconceitos vão desde julgamentos a características no corpo até o lugar de onde vieram. A mídia nos mostra uma visão simplista da realidade, onde personagens com excesso-ou falta- de peso simplesmente não existem, ou, são motivos de piada justamente pelo estereótipo que o enquadram. Mais especificamente,  a gordo fobia, é um assunto muito pertinente. O ataque a pessoas com o corpo gordo não é nem um pouco recente e é por isso mesmo que devemos falar sobre este problema que afeta a vida afetiva, social e profissional.

Para os gordos e obesos a vida já não é fácil. Além de problemas com a autoestima, têm que sair de casa todos os dias sabendo que a sociedade não faz questão de encaixá-las. Manequins nas lojas, modelos em revistas e passarelas. Em nada disso sente que está sendo incluída. Comprar roupas é uma experiência desgastante física e emocionalmente. Por muito tempo achava-se que ser gordo era a mesma coisa que ser velha e cafona. Não havia um interesse em trazer estilo para números maiores que 44. Há inúmeros casos de pessoas, em sua maioria mulheres, que são muito mal atendidas e discriminadas em lojas de roupas.

Segundo Naomi Wolf, estar na dieta tornou-se uma preocupação da mulher desde 1920. Apesar de nos dias atuais a mulher ter adquirido autonomia em muitos aspectos, seguem sujeitas ao conceito da beleza e obsessão pelo físico, apresentando um medo de envelhecer, que as aprisionam aos conceitos estéticos.
‘’A eliminação dos sinais da idade dos rostos femininos tem a mesma ressonância politica que seria provocada se todas as imagens de negros fossem costumeiramente clareadas’’ disse a autora. 
A moda plus size chegou com a intenção de ter aspectos como representatividade, aceitação e amor próprio para pessoas com o corpo gordo — o que de início não foi bem visto pela sociedade, já que a maioria já achava normal ter que emagrecer para se vestir bem. Não foi e nem está sendo fácil fazer a sociedade entender. Nos dias atuais, o corpo gordo ainda é visto por muitos como falta de saúde, preguiça e desleixo, associando, automaticamente, o corpo magro a uma vida saudável e ativa, quando isso não é uma verdade. A moda plus size então ajuda as pessoas com sua autoestima por ter roupas da moda que cabem nelas. 

Do outro lado, na indústria cinematográfica, e atualmente não podemos deixar de mencionar os serviços de streaming também, são produzidos filmes e séries que contribuem para essa visão. A mais recente série da Netflix, Insatiable, passa uma péssima mensagem sobre aceitação do próprio corpo, uma vez que o motivo do enredo ter se desenrolado foi devido ao fato da protagonista ter emagrecido drasticamente causando espanto a todos. Após a mudança corporal, foi notável o quanto a personagem se destacou na escola. O trailer fez barulho nas redes sociais no dia que foi postado, com uma legião de internautas tentando boicotar a série antes do lançamento. No texto da petição, a justificativa é de evitar gatilho emocional para pessoas com transtornos. “Nós ainda temos tempo de impedir e não criar dúvida na cabeça de pequenas meninas que podem acreditar que para ser feliz, elas precisam emagrecer” escreveu o autor na época.
Em contrapartida, o filme Dumplin', exibido pela mesma plataforma de streaming, conta uma história de reviravolta, onde a mãe da personagem principal, que é gorda, é ex-miss e sempre a apelidou de "fofinha" por ser gorda. No fim, ela participa de um concurso e quase ganha demonstrando muita superação e vencendo os obstáculos dos preconceitos. A crítica aponta que Dumplin' diverte e leva à reflexão: até quando a sociedade continuará excluindo jovens que não se encaixam em padrões estéticos pré-estabelecidos. Até quando o grito deles continuará a ser abafado?
E na esfera das plataformas digitais, encontramos as influencers que fazem sucesso em larga escala, contam com um exército de consumidoras de moda, exaltam o glamour como estilo de vida e acabam despertando no público um desejo semelhante a elas na aparência e nas peças de roupas. O nicho do mercado plus ainda segue num padrão estético que não abrange todas. Mesmo assim, o artigo Mulheres, Empoderamento e Autoestima: A influência dos blogs de moda na identidade plus size, nos mostra a relação entre o nicho plus e as mídias atuais. De acordo com o artigo, existem blogs de moda com espaços voltados a identidade plus size. O conteúdo dos blogs trazem um discurso de estímulo à autoestima das leitoras e a própria identidade, mesmo que para isso seja necessário romper com algumas regras da moda.

Diante deste cenário, a sociedade atribui algumas características para essas pessoas. Julgam como falta de vaidade, excesso de prazer com a comida e ansiedade desenfreada. Um corpo saudável não necessariamente precisa se encaixar nos padrões, basta ser saudável. Ser gordo não é sinônimo de estar doente, assim como ser magro não é sinônimo de estar saudável. Pessoas gordas podem ser saudáveis, ativas fisicamente e socializar sem distinção. A limitação dos biótipos corporais não define personalidade e nem mede caráter. A nossa sociedade encontra-se em constante conflito em relação ao que é aceitável aos olhos do outro, ou não, mas nesse fluxo deixam de lado a empatia. Devemos aceitar mais a nossa diversidade de corpos e celebrar as nossas diferenças.
Desafio: Criar um hipertexto para blog a partir de um estereotipo, citando autores e referências culturais.

Trabalho realizado no Centro Universitário FAESA, para disciplina Publicidade em Ambientes Digitais. (6º período)
Hipertexto
Published:

Owner

Hipertexto

Published: