4º Prêmio {CURA} Museu da Democracia

4º Prêmio {CURA} Museu da Democracia
Concurso para estudantes de Arquitetura e Urbanismo |  4º Prêmio {CURA}
Data | 2020
Equipe | Camila Andrade, Christiana Vieira, Julianna Santos

Architecture competition for students | Museum for Democracy

O museu como suporte da História e dos valores democráticos​​​​​​​

A reflexão analítica a respeito do legado social produzido pelo regime ditatorial militar ocorrido no país sugere que haja uma negação factual da ocorrência de repressão durante o período. Essa negligência aos fatos se reflete na constituição de uma lacuna de reconhecimento histórico que se mostra prejudicial quanto a conformação de uma identidade local que possua a memória como instrumento de valorização urbana. Diante disso, a identificação de localidades que demonstrem uma herança que carece de elucidação referente aos casos de repressão sucedidos durante o regime antidemocrático se torna imprescindível a fim de que a memória social não seja fadada ao esquecimento.
Convergindo com o exposto, a região central da cidade de Curitiba apresenta locais que possuem um histórico de uso relacionado à institucionalização de práticas de coibição. No entanto, apesar de serem passíveis de reconhecimento geográfico, essas edificações, em sua maioria, encontram-se descaracterizadas, não sendo possível estabelecer relação com o uso passado.
Dentre os locais que possuem essa representação histórica, a área selecionada para o desenvolvimento projetual do Museu da Democracia constitui o antigo DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social) – instituição criada durante o regime varguista, e que foi amplamente utilizada durante a ditadura militar como instrumento de repressão aos considerados subversivos. Atualmente descaracterizada sob o funcionamento de um restaurante, sua utilização visa um resgate histórico acerca do ocorrido no local, de modo a atribuir a devida relevância à memória ali omissa.
Mapa da repressão - a ditadura mapeada em Curitiba
A transposição urbana como elemento constituinte do espaço democrático

A estratégia projetual adotada possui a premissa de incitar um eixo de conexão entre duas vias. 
Para tal, se faz necessária a desapropriação de outros estabelecimentos comerciais presentes na quadra. Desse modo, o eixo sugerido, ao longo de 115 metros de extensão, demonstra potencial para uma transposição que evidencie o caráter público do uso a ser instalado no local.
Contudo, em vista da atenção necessária à memória, a passagem, a princípio livre, é impedida em prol da aquisição de uma simbologia. A inacessibilidade do nível térreo se apresenta como uma provocação ao espaço democrático, bem como uma recordação das vidas envolvidas na luta em defesa dos valores da democracia – expressas mediante geometrias imersas no espelho d’água. 
Uma passarela elevada emerge como um local de expressão política e de sociabilidade democrática inserido no projeto. A dinâmica do percurso realizado pelo usuário condiz com a flexibilidade apresentada pelos espaços sociais e de expografia. Desse modo, mediante as distintas possibilidades oferecidas ao usuário, almeja-se que seu usufruto espacial seja vislumbrado como um ato político.
O programa de necessidades distribui-se em três blocos, os quais possuem acessibilidade direta e conectividade vertical à área expositiva permanente, localizada no subsolo. Diante do baixo gabarito resultante das edificações, a monumentalidade passa a ser representada não pela imponência do edificado, mas pela configuração unitária do conjunto arquitetônico.
O sistema construtivo utilizado foi desenvolvido com a premissa de racionalidade e adequação às distintas dimensões dos vãos, características condizentes com o uso do concreto armado e protendido. Para tal, a malha de pilares elaborada a partir das proporções ideais de balanço sustentam lajes em caixão-perdido, solucionando a dimensão dos vãos e contribuindo com o aspecto de legibilidade formal do edificado. A vedação em policarbonato auxilia a estabelecer uma relação entre a cidade com o museu por meio da permeabilidade visual. Por fim, o revestimento em pedra das áreas externas visa conferir um caráter solene e notório ao conjunto, de modo a evidenciar a importância do local como um espaço público por excelência.
Prancha enviada ao concurso:
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4º Prêmio {CURA} Museu da Democracia

4º Prêmio {CURA} Museu da Democracia - Concurso para estudantes.

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