"Id", "Ego" e "Superego"
"Id", da série " Id, Ego e Superego"
40 x 40 cm tinta óleo sobre tela
40 x 40 cm tinta óleo sobre tela
"Ego", da série "Id, Ego e Superego"
40 x 40 cm tinta óleo sobre tela
40 x 40 cm tinta óleo sobre tela
"Superego", da série"Id, Ego e Superego"
50 x 50 cm tinta óleo sobre tela
50 x 50 cm tinta óleo sobre tela
Este texto inserido abaixo conceitualiza as primeiras três obras que realizei, parte foi escrito por mim, Pedro e parte pelo Humberto Martins, tornando uma obra conjunta. Utilizamos esse material para participar do concurso Luxembourg Art Prize.
"Sempre soube que eu deveria pintar, mas por algum motivo me distanciei disso por um longo período. É claro que na infância tive muito contato com a arte espontânea que nasce dentro de nós, mas isso acabou se perdendo. Cresci na cidade de Arroio dos Ratos, que fica no sul do Brasil, onde tive uma infância que posso chamar de bem arborizada. O lugar que mais me marcou foi o bairro Atafona, onde se encontrava um pequeno sitio que meu avô criava meia dúzia de vacas para produzir queijos e leite e algumas éguas para carroça. Nessa chácara, existe uma sanga com uma extensão considerável grande para uma criança, onde se encontra muitas pedras, até preciosas, e argila natural o que o tornou um lugar mágico para mim e aonde pude ter os primeiros contatos com esculturas em argila. No final do ano de 2019, passei por um período no qual comecei a questionar diversas coisas dentro de mim e por escolha decidi mudar tudo que parecia bloquear minha vida. Mudei-me e passei a morar nessa chácara. As paisagens, cenas cotidianas e as proporções do espaço mudaram bastante, mas ainda existe muita argila e pude voltar a brincar na sanga, mas agora compreendo melhor o barro e a arte que já tem, e a que pode existir dele. Nesse período me presenteie com alguns utensílios para pintura, tintas a óleo e telas. Foi a primeira vez que tive a oportunidade de pintar e imergir nesse mundo.
Voltando um pouco no tempo, em 2012 entrei na faculdade de Arquitetura e Urbanismo, com 16 anos, onde tive a oportunidade de criar, desenhar e aprender muitas coisas diferentes, sempre levando a criatividade em conta, porém sempre lembrando da parte prática, mas hoje sinto que naquela época eu era realmente muito jovem para compreender certas coisas. Em meio ao trabalho de conclusão de curso, no final de 2019, senti uma necessidade incontrolável de pintar, é realmente difícil explicar isso. A Arquitetura exige muito esforço físico e mental e depois de certo momento parece impossível continuar se não tiver um momento de descanso da mente. Nesses momentos comecei a me aventurar na Arte, onde, ainda bem, não existe nenhuma norma ou técnica que você seja obrigado a seguir, talvez não exista lugar que eu me sinta mais livre, dentro de mim e fora de mim. Hoje nove anos depois, me encontro com 25 anos, recém formado, trabalhando com a Arquitetura aliada a Arte e Sustentabilidade. Além da pintura e da escultura em barro, gosto de coletar materiais como pedras e madeiras que a natureza já esculpiu ou iniciou os trabalhos (seja através da água, pelo cupim, pela maresia, o que for) e exaltá-los como arte, por vezes aliados a arquitetura ganham alguma função específica. Trago minhas três primeiras telas pintadas a óleo para esse concurso. Após pintar, elas ficaram secando penduradas nas paredes da minha casa, onde recebo meus amigos e discutimos sobre diversos assuntos e às vezes as obras entram em pauta. É a primeira vez que exponho a minha arte e meu eu fora de casa, mesmo que seja para uma pessoa.
Algumas semanas atrás recebi uma visita inesperada porem rotineira do meu amigo Humberto. Nos conhecemos desde a infância. Ele é aquela pessoa com um olhar atento, não falo somente do olhar visual, mas sim de um olhar mais além. Ele se encontrou na psicologia no mesmo período que me encontrei na Arte, então, nossos caminhos se cruzam mais uma vez. Nessa visita, falávamos sobre algumas telas que eu recém tinha pintado e ele me revela que teve um sonho com minhas três primeiras obras (que estavam até 15 dias atrás jogados em um canto escuro porque eu não conseguia manter elas na sala, não conseguia olhar pra elas, passei a odiar as telas, mas na verdade eu as temia). No sonho do Humberto cada rosto era uma personalidade, algumas que realmente me dão medo. Junto dele descobri que me expresso melhor através da Arte, mesmo que eu não tenha consciência disso enquanto estou criando, e através da minha Arte consigo as respostas que preciso. Sobre o Humberto, creio que passou a se encantar ainda mais com a Arte, compreendendo que a Arte foi feita para a vida. Abaixo, insiro um texto escrito por Humberto, que é meu parceiro nesse concurso, onde ele faz uma síntese e resume as três obras de uma maneira mais analítica, e por consequência, o momento de vida que eu estava vivendo internamente. Talvez através dessas obras você consiga entender a mente de qualquer homem
As faces de um aparelho psíquico: Arte & Psicanálise
Sigmund Freud, criou a psicanálise com uma série de objetivos, um deles, parte da crença de que nossos comportamentos e sentimentos são conduzidos por desejos inconscientes. Para entender os recursos inconscientes, base do estudo da psicanálise, é necessário conectar-se aos anseios, impulsos e instintos que abastecem o vigor necessário para as ações humanas. Para a psicanálise os três fatores anteriormente supracitados não são socialmente bem aceitos, devendo de alguma forma serem abafados, causando uma falsa sensação de bem-estar, contudo, a psicanálise tem o objetivo de enxergar e evidenciar essas questões com outro olhar para que se possa chegar a uma cura dos anseios e problemas que, por ventura, possam prejudicar o comportamento humano.
O psicanalista austríaco entendia que o conjunto de todas as partes da mente humana são divididas em três domínios, o Id, Ego e Superego. Os domínios, ou sistemas, estão em constante relação e conflito.
Vale ressaltar que as divisões mentais freudianas indicadas não possuem divisão anatômica. Não há no cérebro compartimentos fixos, ou “caixas”, bem delimitados como indicam as teorias de localização cerebral e estudos fisiológicos. O que Freud compartilha, principalmente, é que as excitações seguem uma determinada ordem, e essa ordem se relaciona aos sistemas do aparelho psíquico. Freud tentava entender a subjetividade do ser humano, colocando inclusive seus conflitos e aspectos pessoais para que seus estudos fossem testados, ou seja, havia a tentativa de evidenciar, de maneira concreta, desejos, impulsos, pensamentos e aspectos não visíveis do ser humano, a arte como forma de expressão se assemelha a isso, tentar dar luz à anseios, desejos, perturbações e outras situações nas quais todos somos acometidos, mas muitas vezes não conseguimos compartilhar de uma forma tangível.
Entende-se que as obras feitas pelo Pedro e a psicanálise de Freud, juntamente com diversas ideias do mesmo, se entrelaçam. Sua relação de conflito e harmonia torna desde a ideia inicial, causada pelos desejos e pulsões reprimidos, passando por sua criação e por consequência finalização com base nas necessidades de expressar-se e entender-se, absorveram ideias, situações e inclusive aspectos do inconsciente (portanto subjetivos) entre amigos que convivem e tem suas particularidades.
Para explicar melhor o conceito por trás das obras, situações devem ser compartilhadas e conceitos apresentados.
Dentro do aparelho psíquico há o Ego que consiste na ideia do “eu” ou “selfie”, permeando o campo da realidade e percepções terrenas. Controla a personalidade, sendo assim, muito racional no momento que precisa tomar decisões e por trabalhar com o princípio da realidade, a frase que exemplifica essa parte seria “eu sou”. Por consequência do Ego, Pedro entendeu que suas ideias precisavam de uma expressão real, de algo que pudesse ser visível, recorreu assim, a arte.
O Superego ou “Supereu” é entendido como a parte onde estão alocadas compreensões morais, julgamentos, culpas e autocensuras e há interiorização a autoridade dos pais. Pessoas que são governadas por essa parcela, são muito rígidas, perfeccionistas e com tendência a sentirem-se culpadas, fato esse que transmitiu uma série de emoções e reflexões para o artista, pois ao sentir-se aflito a ponto de se questionar moralmente, pintou o primeiro quadro num acesso de reflexões e sentimentos confusos a respeito de sua vida, fazendo com que a primeira obra se originasse de um conflito gerado por essa parte.
Id é a parte inconsciente de nossa mente, buscando sempre gratificação e prazer. Não há distinção entre correto e incorreto, caso tivéssemos que resumir essa parte em uma frase, seria “eu quero, não importa como”. O Id está em comunhão com o princípio do prazer, ou seja, a busca instintiva por satisfação e evitando dor e sofrimento, nem que para isso seja necessário executar ações extremas para isso. Pedro se expressou por meio dos quadros baseando-se em uma vontade enorme de se expressar e colocar seus conflitos inconscientes em forma de arte.
Nesse caso, as três faces do aparelho psíquico, estão em constante conflito e concordância a medida que se relacionam. No Id se encontra o prazer, no Superego a censura e o Ego está a procura por equilíbrio, isso se mostra nas pinturas feitas por Pedro, onde o mesmo coloca três quadros que estão em conflito não só em sua composição, mas com o próprio artista, que por sua vez busca justamente o equilíbrio de sua vida mental, física e porque não espiritual através da arte, compartilhando as diferentes faces de seu aparelho psíquico em forma de tinta e tela. O artista é, para Freud, uma pessoa que encontra o caminho de volta à realidade, como um indivíduo que tem a capacidade de modelar algum material até que se torna uma cópia fiel da representação de sua fantasia, desejos e questionamentos, para o Pedro, não foi diferente.
Chegamos a ideia desse trabalho através de um sonho que tive, onde os três quadros (que estavam guardados) conversavam comigo, como se fossem três estados de consciência diferentes, cada um representando uma parte do aparelho psíquico. Isso também se relaciona com outra parte da teoria de Freud: a interpretação dos sonhos. Analisar os sonhos de alguém é um dos pontos nevrálgicos da psicanálise, pois os sonhos são considerados expressões do inconsciente e devem ser bem decifrados, no caso, isso ocorreu enquanto estávamos juntos, conversando a respeito sobre o que eu interpretava desse sonho e por consequência os três quadros.
Encontramos nas ideias de Freud o tema perfeito para o conceito das obras, pois existem elementos pessoais tanto do Pedro, o artista, quanto do Humberto, quem interpretou as obras. Os elementos de ambos, desejos, anseios, conflitos e busca por equilíbrio tornaram esse projeto em uma representação do que pensamos da mente humana como parte organizada e em conflito. A arte seria uma maneira de seguir nossos impulsos através de uma forma que a sociedade aceita, facilitando a mobilização para algo, que nesse caso, são as angústias e se tornando uma maneira de amenizar o sofrimento, o vazio (talvez seja por isso que o Pedro não conseguia ficar por muito tempo observando os quadros, por ali havia uma manifestação de sofrimento também), esse vazio significa os impulsos que temos, e a arte é uma maneira de contê-los. Por conta disso, transformamos angústias, impulsos e outros mecanismos inconscientes em arte, assim como Pedro que compartilhou as partes de si em três obras que se complementam.
Entende-se, através desse projeto, que arte e psicanálise são duas áreas estreitamente relacionadas. Ambas têm relação com o indivíduo e são capazes de mostrar seus aspectos mais profundos e complexos. Por conta desse vínculo, essa forma de expressão do ser foi explorada por Pedro e interpretada por Humberto, como uma alternativa para ajudar no entendimento não só através da expressão, mas também da representação sobre as obras, que dizem muito mais a respeito de como somos e sentimos do que podíamos imaginar. Uma tela em branco para compreender e agregar as angústias, desejos e conflitos à nossa história pessoal, pois nossa expressão diz muito mais sobre nós do que qualquer um pode imaginar."
O psicanalista austríaco entendia que o conjunto de todas as partes da mente humana são divididas em três domínios, o Id, Ego e Superego. Os domínios, ou sistemas, estão em constante relação e conflito.
Vale ressaltar que as divisões mentais freudianas indicadas não possuem divisão anatômica. Não há no cérebro compartimentos fixos, ou “caixas”, bem delimitados como indicam as teorias de localização cerebral e estudos fisiológicos. O que Freud compartilha, principalmente, é que as excitações seguem uma determinada ordem, e essa ordem se relaciona aos sistemas do aparelho psíquico. Freud tentava entender a subjetividade do ser humano, colocando inclusive seus conflitos e aspectos pessoais para que seus estudos fossem testados, ou seja, havia a tentativa de evidenciar, de maneira concreta, desejos, impulsos, pensamentos e aspectos não visíveis do ser humano, a arte como forma de expressão se assemelha a isso, tentar dar luz à anseios, desejos, perturbações e outras situações nas quais todos somos acometidos, mas muitas vezes não conseguimos compartilhar de uma forma tangível.
Entende-se que as obras feitas pelo Pedro e a psicanálise de Freud, juntamente com diversas ideias do mesmo, se entrelaçam. Sua relação de conflito e harmonia torna desde a ideia inicial, causada pelos desejos e pulsões reprimidos, passando por sua criação e por consequência finalização com base nas necessidades de expressar-se e entender-se, absorveram ideias, situações e inclusive aspectos do inconsciente (portanto subjetivos) entre amigos que convivem e tem suas particularidades.
Para explicar melhor o conceito por trás das obras, situações devem ser compartilhadas e conceitos apresentados.
Dentro do aparelho psíquico há o Ego que consiste na ideia do “eu” ou “selfie”, permeando o campo da realidade e percepções terrenas. Controla a personalidade, sendo assim, muito racional no momento que precisa tomar decisões e por trabalhar com o princípio da realidade, a frase que exemplifica essa parte seria “eu sou”. Por consequência do Ego, Pedro entendeu que suas ideias precisavam de uma expressão real, de algo que pudesse ser visível, recorreu assim, a arte.
O Superego ou “Supereu” é entendido como a parte onde estão alocadas compreensões morais, julgamentos, culpas e autocensuras e há interiorização a autoridade dos pais. Pessoas que são governadas por essa parcela, são muito rígidas, perfeccionistas e com tendência a sentirem-se culpadas, fato esse que transmitiu uma série de emoções e reflexões para o artista, pois ao sentir-se aflito a ponto de se questionar moralmente, pintou o primeiro quadro num acesso de reflexões e sentimentos confusos a respeito de sua vida, fazendo com que a primeira obra se originasse de um conflito gerado por essa parte.
Id é a parte inconsciente de nossa mente, buscando sempre gratificação e prazer. Não há distinção entre correto e incorreto, caso tivéssemos que resumir essa parte em uma frase, seria “eu quero, não importa como”. O Id está em comunhão com o princípio do prazer, ou seja, a busca instintiva por satisfação e evitando dor e sofrimento, nem que para isso seja necessário executar ações extremas para isso. Pedro se expressou por meio dos quadros baseando-se em uma vontade enorme de se expressar e colocar seus conflitos inconscientes em forma de arte.
Nesse caso, as três faces do aparelho psíquico, estão em constante conflito e concordância a medida que se relacionam. No Id se encontra o prazer, no Superego a censura e o Ego está a procura por equilíbrio, isso se mostra nas pinturas feitas por Pedro, onde o mesmo coloca três quadros que estão em conflito não só em sua composição, mas com o próprio artista, que por sua vez busca justamente o equilíbrio de sua vida mental, física e porque não espiritual através da arte, compartilhando as diferentes faces de seu aparelho psíquico em forma de tinta e tela. O artista é, para Freud, uma pessoa que encontra o caminho de volta à realidade, como um indivíduo que tem a capacidade de modelar algum material até que se torna uma cópia fiel da representação de sua fantasia, desejos e questionamentos, para o Pedro, não foi diferente.
Chegamos a ideia desse trabalho através de um sonho que tive, onde os três quadros (que estavam guardados) conversavam comigo, como se fossem três estados de consciência diferentes, cada um representando uma parte do aparelho psíquico. Isso também se relaciona com outra parte da teoria de Freud: a interpretação dos sonhos. Analisar os sonhos de alguém é um dos pontos nevrálgicos da psicanálise, pois os sonhos são considerados expressões do inconsciente e devem ser bem decifrados, no caso, isso ocorreu enquanto estávamos juntos, conversando a respeito sobre o que eu interpretava desse sonho e por consequência os três quadros.
Encontramos nas ideias de Freud o tema perfeito para o conceito das obras, pois existem elementos pessoais tanto do Pedro, o artista, quanto do Humberto, quem interpretou as obras. Os elementos de ambos, desejos, anseios, conflitos e busca por equilíbrio tornaram esse projeto em uma representação do que pensamos da mente humana como parte organizada e em conflito. A arte seria uma maneira de seguir nossos impulsos através de uma forma que a sociedade aceita, facilitando a mobilização para algo, que nesse caso, são as angústias e se tornando uma maneira de amenizar o sofrimento, o vazio (talvez seja por isso que o Pedro não conseguia ficar por muito tempo observando os quadros, por ali havia uma manifestação de sofrimento também), esse vazio significa os impulsos que temos, e a arte é uma maneira de contê-los. Por conta disso, transformamos angústias, impulsos e outros mecanismos inconscientes em arte, assim como Pedro que compartilhou as partes de si em três obras que se complementam.
Entende-se, através desse projeto, que arte e psicanálise são duas áreas estreitamente relacionadas. Ambas têm relação com o indivíduo e são capazes de mostrar seus aspectos mais profundos e complexos. Por conta desse vínculo, essa forma de expressão do ser foi explorada por Pedro e interpretada por Humberto, como uma alternativa para ajudar no entendimento não só através da expressão, mas também da representação sobre as obras, que dizem muito mais a respeito de como somos e sentimos do que podíamos imaginar. Uma tela em branco para compreender e agregar as angústias, desejos e conflitos à nossa história pessoal, pois nossa expressão diz muito mais sobre nós do que qualquer um pode imaginar."
I always knew I should paint, but for some reason I stayed away from it for a long time. It is clear that in childhood I had a lot of contact with the spontaneous art that is born within us, but that ended up being lost. I grew up in the city of Arroio dos Ratos, which is in the south of Brazil, where I had a childhood that I can call was “well wooded”. The place that most impressed me was the Atafona neighborhood, where there was a small place where my grandfather raised half a dozen cows to produce cheese and milk and some mares for a cart. In this farm, there is a “sanga” (small stream) and a large land extension for a child. There are many stones, even precious ones, and natural clay, which made it a magical place for me and where I could have my first contacts with clay sculptures. At the end of 2019, I went through a period in which I began to question various things within myself and by choice to decide to change everything that seemed to block my life. I moved and started to live on this farm. As landscapes, everyday scenes and the proportions of space have changed a lot, but there is still a lot of clay and I was able to play in the “sanga” again, but now I understand better the clay and the art that it already has, and what can exist from it. During this period, I gave myself some painting tools, oil paints and canvas. It was the first time that I had the opportunity to paint and immerse myself in this world.
Going back a little bit in time, in 2012 I entered the University of Architecture and Urbanism, at the age of 16. There I had the opportunity to create, draw, design and learn many different things, always taking creativity into account, but also remembering the practical part. However, today I feel that at that time I was really young to understand certain things. In the midst of the course completion work, at the end of 2019, I felt an uncontrollable need to paint, it is really difficult to explain it. Architecture requires a lot of physical and mental effort and after a while it seems impossible to continue if you don't have a moment to rest your mind. In those moments I started to adventure myself into Art, which, thankfully, there is no standard or technique that you are obliged to follow, maybe there is no place that I feel more free, inside me and outside me. Today, nine years later, I am 25 years old, recently graduated, working with Architecture combined with Art and Sustainability. In addition to painting and sculpting in clay, I like to collect materials such as stones and wood that nature has already sculpted or started working on (whether through water, termites, salt air, whatever) and exalting them as art that sometimes allied with architecture they gain some specific function. I’m bringing my first three oil paintings for this contest. After painting, they were left to dry hanging on the walls of my house, where I receive my friends and discuss various subjects and sometimes the paintings come up in conversations. It is the first time that I expose my art and myself outside home, even if it is for a person.
A few weeks ago I received an unexpected but routine visit from my friend Humberto. We've known each other since childhood. He is that person with a watchful eye, I am not only talking about the visual look, but also a look beyond. He found himself in psychology at the same time that I found myself in Art, so our paths crossed again. On this visit, we talked about some paintings that I had recently painted and he revealed me that he had a dream with my first three works (which were up to 15 days ago in a dark corner because I couldn't keep them in the room, I couldn't look at them, I started to hate the screens, but in truth I feared them). In Humberto's dream, each face was a personality, some of them really scared me. With him I discovered that I express myself better through Art, even though I am not aware of it while I am creating, and through my Art I get the answers I need. About Humberto, I believe that he became even more enchanted with Art, understanding that Art was made for life. Below, I insert a text written by Humberto, who is my partner in this contest, where he makes a synthesis and summarizes the three works in a more analytical way, and consequently, the moment of life that I was living internally. Perhaps through these paintings any man's mind could be understood.
Art and Psychoanalysis: The faces of the psychic apparatus
Art and Psychoanalysis: The faces of the psychic apparatus
Sigmund Freud, created psychoanalysis with a series of goals, one of them, starts from belief that our behaviors and feelings are driven by unconscious desires. To understand the unconscious resources, the basis of the study of psychoanalysis, it is necessary to connect with the yearnings, impulses and instincts that supply the necessary vigor for human actions. For psychoanalysis, the three factors mentioned above are not socially well accepted, and must somehow be muffled, causing a false sense of well-being, however, psychoanalysis aims to see and highlight these issues with another look so that one can to reach a cure for the yearnings and problems that, perhaps, may harm human human behavior.
The Austrian psychoanalyst understood that the set of all parts of the human mind are divided into three sets, the Id, Ego and Superego. The systems are in constant relationship and conflict.
The indicated Freudian mental divisions have no biological separation. There are no well-defined fixed compartments, or “boxes” in the brain, as indicated by theories of cerebral location and physiological studies. What Freud mainly shares is that the excitations follow a certain order, and that order is related to the systems of the psychic apparatus. Freud tried to understand the subjectivity of the human being, including his conflicts and personal aspects so that his studies could be tested, that is, there was an attempt to demonstrate, in a concrete way, desires, impulses, thoughts and invisible aspects of the human being, the art as a form of expression is similar to this, trying to give light to the yearnings, desires, disturbances and other situations in which we are all affected, but often we are unable to share in a tangible way.
It is understood that the artistic Project made by Pedro and the ideas of Freud's psychoanalysis are associated in several ways. Its relationship of conflict and harmony from an initial idea caused by repressed desires and drives through its creation and, consequently, completion based on the need to express and understand oneself, absorb ideas, situations even aspects of the unconscious (therefore subjective) among friends who live together and have their particularities.
To better explain the concept behind the project, situations must be shared and concepts presented.
In the psychic apparatus there is the Ego, which consists of the idea of "I" or "selfie", permeating the field of reality and earthly perceptions. It controls the personality, being, therefore, very rational when it needs to make decisions and for working with the principle of reality, the phrase that exemplifies this part would be "I am". As a result of the Ego, Pedro understood that his ideas needed a real expression, something that could be visible, so he resorted to art.
The Superego or "SuperMe" is understood as the part where moral understandings, judgments, guilt and self-censorship are allocated and the authority of parents is internalized. People who are governed by this part, are very rigid, perfectionists and with a tendency to feel guilty, a fact that transmitted a series of emotions and reflections to the artist, because when he was afflicted to the point of questioning himself morally, he painted the first picture in an access of reflections and confused feelings about his life, causing the first work to originate from a conflict generated by that part.
The Id is the unconscious part of our mind, always seeking gratification and pleasure. There is no distinction between correct and incorrect, if we had to summarize this part in one sentence, it would be "I want to, no matter how". The Id is in communion with the pleasure principle which is explained through an instinctive search for satisfaction and avoiding suffering, even if it is necessary to perform extreme actions for this. Pedro expressed himself through paintings based on an enormous desire to express himself and put his unconscious conflicts in an art form.
In this case, the three faces of the psychic apparatus are in constant conflict and agreement as they relate. In Id we find pleasure, in Superego censorship and Ego are looking for balance, this is shown in the paintings made by Pedro, because the artist puts three pictures that are in conflict not only in his composition, but with the artist himself , seeking precisely the balance of his mental, physical and why not spiritual life through art, sharing as different faces of his psychic apparatus in the form of paint and canvas. For Freud, the artist is a person who finds his way back to reality, as an individual who has the ability to model some material until it becomes a faithful copy of the representation of his, fantasy, desires and questions, for Pedro, it was no different.
We had the idea of this work through a dream I had, where the three paintings (which were kept) talked to me, as if they were three different states of consciousness, each representing a part of the psychic apparatus. This also relates to another part of Freud's theory: the interpretation of dreams. Analyzing someone's dreams is one of the central points of psychoanalysis, because dreams are considered expressions of the unconscious and must be well deciphered, in this case, it happened while we were together, talking about what I interpreted from that dream and consequently the three frames.
We found in Freud's ideas the perfect theme for the project's concept, as there are personal elements of both Pedro, the artist, and Humberto, who interpreted the works. The elements of both, desires, yearnings, conflicts and the search for balance in this project in a representation of what we think of the human mind as an organized and conflicting part. Art would be a way to follow our impulses through a way that society accepts, facilitating the mobilization for something, which in this case, is the anguish becoming a way to alleviate the suffering, the emptiness (maybe that is why the Pedro will not be watching the pictures for long, there was also a manifestation of suffering there), this void means the impulses we have, and art is a way of containing them. Because of this, we transformed anxieties, impulses and other unconscious mechanisms into art, as well as Pedro who shared the parts of himself in three works that complement each other.
Through this project, it is understood that art and psychoanalysis are two closely related areas. Both are related to the individual and are capable of showing their deepest and most complex aspects. Because of this bond, this form of expression of being was explored by Pedro and interpreted by Humberto, as an alternative to help understanding not only through expression, but also through representation about paintings, which say much more about how we are and feel what we could imagine. A blank canvas to understand and add anguish, desires and conflicts to our personal history, as our expression says much more about us than anyone can imagine.
