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Fotorreportagem | Às nossas mãos

Às nossas mãos: a vida de quem deixou o trabalho formal para viver da arte
Ás mãos de Christian Sanchez e Camila Corrêa
      "Artesanato não é só fazer colarzinho e pulseirinha”, é trabalhar até 12 horas por dia para conseguir pagar o aluguel de uma kitnet no Centro de Florianópolis. 
     O boliviano Christian Sanchez, 30, já trabalhou como pedreiro e jardineiro, mas deixou o trabalho formal para fazer o que gosta: artesanato. Há 12 anos, a renda mensal não ultrapassa R$ 1 mil, mas “dá pra pagar as contas tranquilo”. Ele trabalha e divide as contas com a Camila Corrêa, 20, sua companheira há quatro anos. Atualmente artesã, a jovem trabalhava como atendente em uma empresa. Começou a se dedicar à arte quando foi demitida do emprego. Desde então, trabalha com o marido até 12 horas por dia. Às vezes, até mais, devido a fabricação das peças que, também, são feitas em casa.  
     Apesar do trabalho dobrado, nenhum dos dois pensa em voltar para um trabalho formal. “Eu me dedico a fazer isso porque eu gosto”, afirma. 
     Quem também gosta é o Josias, fruto do relacionamento de Christian com Camila. Com apenas três anos, já segue o caminho de seus pais: “eu amo vender pulseiras”.

Às mãos de Priscila Ferreira Peixoto
     Dois ônibus todos os dias. 30,3 km da Costa de Dentro, no sul da ilha, até o Centro. Durante a viagem, carrega carrinho, chiqueirinho, banca e artesanatos. A rotina acostuma, mas o problema é que “tem dias que a gente vende bem, tem dias que a gente não vende nada, não tem dinheiro nem pro ônibus”.
     Há aproximadamente quatro anos, a vida da ex-professora de Biologia, Priscila Ferreira Peixoto, 26, é assim: chega às 9h e expõe até às 18h. A mudança para a vida informal não foi de uma hora para outra, ela sempre esteve no meio artístico e essa foi sua maior libertação. “Não podemos deixar morrer essa coisa linda que está dentro da gente’”, diz. 
     O artesanato é a única fonte de renda da família, mas o problema é que “as pessoas não valorizam. Para um colar de 15 reais, querem dar sete. Sem pensar que gastamos com material e com o nosso tempo…”. Mãe solteira, sustenta a filha de 11 meses. Fluorita Aurora carrega no nome, inspirado em um cristal, o amor de sua mãe pelo artesanato. Dentro de um chiqueirinho, ao lado da banda de exposição, chama a atenção de quem passa. 
     Apesar do trabalho dobrado, Priscila carrega gratidão no olhar: “nunca me faltou nada. A minha fé é gigantesca”, reflete.
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