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Texto Jornalístico 4

Receita de família é patrimônio cultural no interior de São Paulo
O bolinho caipira foi criado por volta de 1925 na cidade de Jacareí

O bolinho caipira é um patrimônio imaterial e histórico da cidade de Jacareí, interior de Sao Paulo. O quitute começou a ser vendido na cidade por volta de 1925, no Mercado Municipal, e se popularizou, principalmente, durante as Festas Juninas da região.

A inventora do famoso bolinho caipira foi Ana Rita Gehrke, popularmente conhecida como Dona Nicota. Em uma entrevista com sua neta, Rosemary Gehrke diz que o bolinho que é comercializado hoje já sofreu muitas alterações, essas que também são vistas nos bolinhos das cidades ao redor. A receita original levava farinha de milho branca, polvilho, sal, água e manjericão. O recheio tradicionalmente era feito de lombo de porco ou linguiça, nos tempos atuais, as alterações mais convencionais foram a substituição do polvilho por fermento e do manjericão por cheiro verde, além do recheio de lombo que com o tempo foi sendo esquecido, resultando na maior popularização do recheio de linguiça. A butique onde Dona Nicota vendia seus bolinhos foi criada para pagar a faculdade de matemática dos filhos, e mesmo após seu falecimento, sua filha Rute, mãe de Rosemary, assumiu a loja no mercado. “Lembro da minha mãe enrolando grandes encomendas de bolinho para festas da capital, o pessoal de São Paulo vinha buscar o bolinho da minha mãe, isso em 1953” - disse Rosemary.  

O bolinho caipira é comercializado em diversas cidades do Vale do Paraíba e até mesmo no litoral norte, com cada cidade fazendo suas devidas adaptações. Caraguatatuba, por exemplo, cidade turística praiana que vende seu bolinho caipira com recheio de peixe, ou até mesmo São José dos Campos, que recheia o seu bolinho com carne moída temperada.

A Feira do Bolinho é o mais famoso evento de  vendas do quitute, esse ano a cidade de Jacareí recebeu sua 8ª edição, festa que já se tornou tradição na cidade, foram vendidos mais de 150 mil bolinhos, todos feitos por entidades e associações beneficentes. Jussara Gehrke, uma das netas de dona Nicota, foi quem lutou pelos direitos da criação de sua avó que em 2010, foi reconhecido pela cidade como um patrimônio cultural. “Fico muito feliz de ver uma foto da minha avó com a receita original em um museu, guardado pra sempre na memória da cidade.” - disse Jussara. Durante a entrevista ela também cita o orgulho que toda família tem pela criação de sua avó e que a receita original continua  sendo passada de mãe pra filha.

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