Helena Meyer Kopp's profile

O que a distância me ensinou sobre os meus amigos.

O que a distância me ensinou sobre os meus amigos.
Por algumas vezes me pego pensando, como seria bom, trazer todos os meus amigos e pessoas queridas pra perto de mim, poder levá-los para qualquer lugar e conciliar esse vai pra lá e pra cá com os meus sonhos e interesses profissionais.

Geralmente, nós criamos um círculo de afeto com pessoas parecidas conosco ou que compartilham de opiniões semelhantes às nossas, e levando isso em conta, uma das coisas que mais acho impressionantes, é como eu e meus amigos seguimos caminhos diferentes uns dos outros, apesar de termos alguns traços, características e até vontades muito parecidas.

Tem dias em que me lembro das ideias e pensamentos que tínhamos sobre o depois, sobre como seria nossa vida, dos planos que fazíamos e de tudo que sonhávamos durante o ensino médio e a faculdade.

Em grande parte desses planos, ter os amigos por perto era um item prioritário. Por poucas vezes imaginamos a nossa vida longe deles, até porque, encontrar pessoas que se preocupam conosco, que nos cedem palavras de apoio, nos fazem rir nos momentos menos prováveis – que quase sempre são àquelas horas em que não podemos rir de jeito nenhum, e que são amigos de verdade, é difícil.

Sair da casa dos meus pais e deixar pra trás todas as amizades construídas na cidade que eu morava, não foi fácil. Não falo largar no sentido literal, de nunca mais ver e falar com essas pessoas, mas quando você se vê praticamente obrigado a sair da sua zona de conforto, de perto da família e dos amigos, começa a enxergar algumas situações com outros olhos.

Percebi que as pessoas vêm e vão. Nós nos reaproximamosreencontramos e nos distanciamos de pessoas o tempo todo, e tá tudo certo porque infelizmente ou felizmente, faz parte do nosso desenvolvimento, faz parte da nossa vida, por mais cruel e triste que essa afirmação pareça.

Essas mudanças são ótimas, porque permitem que nossos círculos sociais e nossas prioridades passem por uma peneira.

Conseguimos enxergar com maior clareza que certas prioridades não são tão prioridades assim, assim como, certos círculos sociais, não nos fazem falta.

Desenvolvemos maturidade para entender quem é o colega, quem está próximo de você apenas por interesse, quem é aquele amigo tóxico, e quais são aquelas pessoas que você quer carregar por perto pro resto da vida. 

Nós trilhamos outros caminhos porque buscamos uma vida melhor, é inevitável falar sobre isso. Então, é difícil de conciliar nossos encontros com a família, a proximidade dos amigos, o trabalho que da o retorno que esperamos, a cidade que sempre quisemos morar em nossos sonhos, o que queremos da nossa vida e as oportunidades que surgem na nossa frente.

Tenho uma amiga que nos conhecemos desde a oitava série, mas nosso contato foi maior a partir do ensino médio, quando começamos a ir e voltar juntas praticamente todos os dias do colégio, pois éramos vizinhas. Surpreendentemente, fizemos o mesmo curso na faculdade, no começo, íamos a pé, pegávamos um ônibus ou íamos de carona com o pai dela pra aula, depois que tiramos carteira de motorista, uma dava carona pra outra.

Durante esses oito anos, principalmente nos cinco da faculdade, vivemos muita coisa. Apoiamo-nos em dias difíceis, aconselhamos uma a outra no que podíamos e quando não concordávamos, fazíamos de tudo pra resolver da melhor forma. Nós torcemos uma pela outra e comemoramos as pequenas conquistas de cada uma como se fosse sua própria conquista.

Faz quase dois anos que não nos encontramos pessoalmente, as vezes acho que a vida tem mais desencontros do que encontros - mas tudo bem porque como a tecnologia veio unir as pessoas e a forma que nos relacionamos, nós duas e mais uma amiga nossa, conversamos praticamente todos os dias por uma rede social, onde uma sempre ta contando alguma coisa que aconteceu pras outras e por mais que não dê pra acompanhar a conversa o tempo todo, sempre estamos dando noticias. 

O ponto principal é esse, depois de sair de casa e daquela peneira que escrevi em outro parágrafo, os amigos se tornam poucos, mas essenciais e presentes de diversas formas desde os pequenos detalhes até as lembranças. 

E acima de tudo, nos damos por conta que não precisamos viver grudados um no outro porque o sentimento de amizade, companheirismo e reciprocidade por si só, já são suficientes.
O que a distância me ensinou sobre os meus amigos.
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