Iscah ...'s profile

Duas vezes por semana

Cerca de duas vezes por semana eu penso nisso. Eu não quero pensar nisso, eu não gosto disso, mesmo que não possa negar que gosto da dor que me causa. As coisas têm sido diferentes ultimamente, eu me acostumei em sentir o desespero e quero outros que sintam o mesmo, que não escapem do fervor de pensamentos irritantes que voltam e voltam de forma insistente em suas mentes conturbadas cheias de medo, culpa e ódio. Quero aqueles que não se incomodam em admitir o erro, desde que, para si mesmos, saibam que estavam certos o tempo todo e que não querem a verdade de outros olhares sobre a vida. Aqueles dos infinitos céus e rebeliões silenciosas que levam em suas cabeças minúsculas e sem vida, o olhar de ódio e pudor sobre seu ego interminável. Os olhares hostis de pena que trago em minhas memórias viraram algo como culpa, como se minha razão não existisse a tempos e minha necessidade de outros fosse pura natureza desesperada por atenção e entendimento sobre si e o mundo a seu redor. Mas eu menti, em menos de 24 horas já pensei sobre isso umas dez ou vinte vezes, sem controle algum sobre minhas lagrimas derramadas ao fim do dia, contidas durante os momentos de desespero e tristeza que me assolam como um fantasma que volta e volta de forma insistente em minha mente conturbada cheia de medo, culpa e ódio. Não, eu nunca quis pessoas como eu, nunca quis versões e mais versões de algo tão repugnante quanto o meu fracasso, nunca quis que seres cheios de vida perdessem seus sentidos para uma coisa tão trivial como eu, ou você, ou seus próprios seres perdidos em meros sonhos de sucesso inundados de fracasso. À meia-noite eu penso sobre isso, como um último respirar de vida que teria para encerrar o dia e seus desafios. Não, não penso em abandonar isso como se não fizesse parte de mim, como se eu devesse escondê-los nas sombras novamente e apenas aceitar em total silêncio o cruel destino de meus seres iguais, desprezando-os, trancando-os em meus pensamentos que voltam e voltam de forma insistente em nossas mentes conturbadas e cheias de medo, culpa, ódio. O desprazer em poder senti-los novamente e as lágrimas que refrescam minha mente como forma de relaxamento para enfrentá-los e, finalmente, poder convencê-los de tomar aquele bendito café da tarde que a tempos propunha como forma de Boas-vindas, agora, sendo visto como uma reconciliação e pedido de desculpas por perder suas posses e ideias mais grandiosas ao longo de décadas. Eu sou como meus iguais e meus iguais buscam outros para um café fardo de lembranças insolentes e queridas por todos que já viveram a grande viagem pelos medos e pesadelos causados pela existência da vida como um todo. Isso tudo, essas coisas, elas são importantes mesmo ou nós podemos apenas tomar nossos cafés e voltar para a velha rotina de duas vezes por semana?
Duas vezes por semana
Published:

Duas vezes por semana

Um projeto simples, um texto simples. Reflexão sobre nossos medos, nosso sentimento de culpa, de desconforto e raiva. O que podemos levar com i Read More

Published: