Um casal de vigaristas apaixonado (Christian Bale e Amy Adams) é apanhado, no decorrer de uma das suas operações, por um ambicioso e psicótico agente do FBI (Bradley Cooper). Após a sua detenção, os dois são obrigados a colaborar com a agência na captura de importantes mafiosos de Nova Jersey e das suas ligações na cena política da cidade.

     A direção de David O. Russell é comum, com planos que acompanham os movimentos rotineiros dos atores, mais do que dando enfoque a cenas de maior relevo da narrativa. Já o guião vive de toques humorísticos inteligentes e subtis. Porém, o verdadeiro motor do filme e o que, de facto, lhe concede a elegância que lhe valeu inúmeras nomeações para os prémios da Academia (incluindo o de Melhor Filme) é o refinado leque de atores e as suas performances.

     Bale e Jeremy Renner (que interpreta um político preocupado que se envolve com a máfia) mostram, individualmente, o que valem, representando de forma soberba. E os momentos em que contracenam dão de mão beijada o estatuto de nomeado ao filme. As senhoras, Adams e Lawrence, trazem o charme e elevam a fasquia. Enquanto Adams proporciona paixão e credibilidade, Lawrence, como esposa maníaca (de Rosenfeld), traz humor e loucura (q.b.). Cooper, apesar de competente, é, entre este rol de estrelas, o que menos se destaca ao nível da performance por, tristemente, se assemelhar à sua personagem em "Guia par um Final Feliz". O toque de mestre é dado por Robert DeNiro que, em cinco minutos, é um sério, perigoso e entusiasmante mafioso.