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QUANDO TEREMOS LADIES FIRST?


AtĆ© 1943, o CĆ³digo Civil determinava que as mulheres casadas sĆ³ poderiam sair para trabalhar com a autorizaĆ§Ć£o de seus maridos. Se pararmos para pensar, a participaĆ§Ć£o da mulher no mercado ainda Ć© recente. Mas, apesar do que jĆ” foi conquistado pelo pĆŗblico feminino atĆ© aqui, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĆ­stica (IBGE), as mulheres ainda ganham em mĆ©dia 15% a menos que os homens em todos os estados do Brasil.
Ɖ preciso salientar como essa construĆ§Ć£o histĆ³rica do domĆ­nio dos homens existe em diversas Ć”reas. No passado, era praxe que, em um casamento, o homem ficaria responsĆ”vel pelo sustento de sua casa, enquanto as mulheres se dedicavam Ć Ā criaĆ§Ć£o de seus filhos e afazeres domĆ©sticos. Se os homens tinham a liberdade de se desenvolverem intelectualmente, as mulheres, ao contrĆ”rio,Ā jĆ” tinham o seu destino traƧado: servir o marido e Ć  famĆ­lia de forma integral. Mas, com a RevoluĆ§Ć£o Industrial,Ā a participaĆ§Ć£o da mulher no mercado de trabalho se tornou mais incisiva,Ā porĆ©m ganhavam menos que os homens ainda, que continuaram a serĀ os principais responsĆ”veis pelo sustento da famĆ­lia. O ingresso feminino no mercado de trabalho foi importante, mas trouxe tambĆ©m uma questĆ£o que perdura atĆ© os dias de hoje, aĀ jornada dupla-tripla enfrentada por boa parte das mulheres que possuĆ­a um emprego formal como seus maridos, mas ainda precisava conciliar carreira, maternidade e cuidados com o lar.
A incoerĆŖncia dos dias de hoje Ć© que 60% do pĆŗblico universitĆ”rio no Brasil Ć© feminino, mas segundo um estudo da Bain & Company, apenas 3% das mulheres ocupam cargos de lideranƧa no Brasil. Esse baixo nĆŗmero de mulheres em funƧƵes de chefia, revela que a luta pela equidade de gĆŖnero estĆ” longe de acabar. Outro ponto Ć© que Ć©Ā comum vermos mulheres que abrem mĆ£o do desejo de serem mĆ£es por sua carreira, pois a maternidade ainda pode ser um empecilho para muitas empresas no momento da contrataĆ§Ć£o. Por que em entrevistas ainda Ć© comum as empresas questionarem se a mulher tem ou pretende ter filhos?Ā Deixa- se claro, nas entrelinhas que se leva esse critĆ©rio em consideraĆ§Ć£o para a contrataĆ§Ć£o. Quando a funcionĆ”ria se torna mĆ£e, entende-se que ela precisarĆ” se ausentar por conta do filho, o que a torna mais ā€œdescartĆ”velā€. Um tratamento preconceituoso que obriga a mulherĀ optar por uma coisa ou outra, enquanto os homens podem ter os dois. E mais: ainda recebendo, salĆ”rios maiores em todos os nĆ­veis de ocupaĆ§Ć£o.
Entende-se entĆ£o que o machismo no mercado de trabalho Ć© o reflexo da tentativa de domĆ­nio dos homens sobre as mulheres em diversas esferas da nossa sociedade. A igualdade, inclusive salarial, Ć© lei no Brasil. Mas,Ā na prĆ”tica, falta fiscalizaĆ§Ć£o para fazer valer esse direito. Destaca-se, entretanto, que, ano apĆ³s ano, as mulheres vĆŖm conquistando (por direito), o seu espaƧo. E essa luta por equidade nos gĆŖneros nĆ£o pertence apenas Ć s mulheres, todos devem se engajar. Outro ponto: A educaĆ§Ć£o e conscientizaĆ§Ć£o sĆ£o os caminhos para que todos reconheƧam pensamentos e comportamentos que nĆ£o sĆ£o mais aceitĆ”veis nos dias de hoje. Atitudes machistas devem ser repreendidas em qualquer ambiente e no trabalho, nĆ£o deve ser diferente.
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