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Entrevista a um padeiro

ENTREVISTA A UM PADEIRO
O pão faz parte da nossa gastronomia. É um alimento muito apreciado em todo o mundo, consumido com manteiga, queijo, fiambre, compotas ou quaisquer outros ingredientes a gosto. É também utilizado na preparação de diversos pratos (doces ou salgados) ou simplesmente servido para acompanhar a refeição.

O seu fabrico data há milhares de anos, assim como o ofício de panificador. É uma profissão exigente, que requer gosto e dedicação. Quem está no ramo, tem de acordar muito cedo, geralmente de madrugada, para confecionar diversos produtos para cafés, restaurantes, supermercados e mercearias.

A Bitten Magazine entrevistou João Velásquez, um padeiro aficionado por aquilo que faz e que aceitou partilhar connosco a sua história, sonhos e ambições.
- Conte-nos: quem é o João Velásquez?

Nasci em Espanha, mas vim para Portugal muito novo. Os meus avós maternos são da Guarda e a minha mãe também, apesar de ter passado uns bons anos da sua vida em Madrid (foi lá que conheceu o meu pai).

Tenho algumas memórias dos meus avós paternos. A avó Pilar era uma excelente cozinheira, adorava passar horas a preparar petiscos. Fazia parte da tradição de família irmos lá lanchar todos os domingos. Umas vezes fazia madalenas, outras fazia churros, mas aquilo de que eu mais gostava era do pão, acabadinho de fazer no forno a lenha, com manteiga e marmelada… Gostava tanto do seu pão que quis ser padeiro!

Com apenas 20 anos, deixei a Guarda e vim para Lisboa, tirar o curso de panificação, no Centro de Formação Profissional para o Setor Alimentar. Nunca tive dúvidas do que queria ser. Viajei com o aroma das delícias da abuela e foram esses cheiros, essas memórias e o calor que sentia cada vez que me recordava das tardes domingueiras, que me inspiraram e guiaram.

Hoje, posso dizer que nasci para ser padeiro, sou padeiro e morrerei padeiro!

- O que fez depois de terminar o curso?

Depois de terminar o curso, regressei a Madrid. Queria voltar a conectar-me com as minhas origens. Infelizmente, os meus avós haviam falecido, mas tinha lá muita família (tios e primos). Trabalhei em alguns cafés, restaurantes e hotéis, com o intuito de juntar dinheiro para abrir o meu negócio. Não foi fácil, mas estou prestes a concretizar o meu sonho…

Há cerca de seis meses, passeava eu numa pitoresca rua madrilena, quando me deparei com o espaço ideal para abrir a padaria. Tinha uma montra envidraçada enorme, bem iluminado e com um ar acolhedor. Sabia que iria precisar de algumas remodelações, mas era viável.

Partilhei a descoberta com o irmão da minha avó (muito mais novo do que ela e ainda vivo), que, em “memória da Pilar”, quis dar-me o dinheiro para as obras. “Ela ficaria muito feliz”, disse-me ele, comovido e de lágrimas nos olhos. Conto inaugurar o espaço para o mês que vem.

- Fale-nos um bocadinho sobre o conceito da loja, sabemos que é inovadora...

Sim… eu quis fazer algo diferente. Ainda não posso revelar o nome (é surpresa até ao dia de abertura), mas posso dizer que se destaca no mercado.

Para além da oferta diária, a que chamo “produtos da casa”, vamos ter pão feito na hora e cada cliente pode personalizar o seu. Disponibilizamos um menu com diversos tipos de formatos, coberturas e ingredientes, desde farinhas a cereais, frutos secos, recheios variados (doces ou salgados), legumes, pães com ou sem glúten, fermentados ou não.

Também aceitamos encomendas até às 17:00h e temos um estafeta que leva pão fresco a qualquer lado, num raio de 20 km da padaria. Fiz questão de contratar uma equipa grande, profissional e apaixonada, pronta a fazer a diferença no mundo da panificação.

- Como se vê daqui a 5 anos?

Daqui a 5 anos vejo-me com muito trabalho, mas realizado. Acredito mesmo que este projeto tem tudo para ser um êxito. Talvez abra uma loja em Portugal, em Lisboa ou na Guarda, ou várias, pelo mundo. Sempre fui de crenças fortes e, esse espírito positivo, tem-me levado a bom porto.

O meu avô Quim dizia sempre: “Deus dá o pão, mas não amassa a farinha”. E é verdade: as melhores coisas da vida levam tempo e esforço para serem conquistadas.
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