Videoclipe para a faixa Graúna, de Kurió (a.k.a. Diego Fidelis). A motivação inicial desse trabalho seria a investida em um edital das artes, o que posteriormente não aconteceu, sendo o videoclipe lançado oficialmente alguns meses depois.

Diego me procurou instigado pra feitura desse video. A faixa compõe um disco que ele estava pra lançar — o Saudade do Que Não Vivi  — e que remonta vivências de infância do próprio Diego no bairro José Walter, aqui em Fortaleza/CE, misturando-se à sinergia musical e visual desse período [1]. O processo se iniciou, então, com Diego me contando o contexto do disco e me trazendo uns vários registros fotográficos feitos por ele, principalmente do bairro, e que ajudariam na composição da animação. Foi a partir delas que comecei a imaginar os cenários possíveis para o videoclipe e a entender como a nostalgia da faixa se mesclavam com os cenários tempo-espaciais que Diego buscava remontar em todo o disco. Além disso, foi a atmosfera desses registros que regeu grande parte da direção de arte do clipe.

Junto a esses registros, também procurei elencar referências e possíveis assets pra animar a graúna, ave que dá nome ao título da música e personagem principal da memória dessa faixa. Foi aí que escolhi uma das fotos, a ave de corpo completo e de vista frontal, a qual preparei pra já partir pra um protótipo de animação e ver como se dava o conjunto de possibilidades daquele modelo. Embora a fotografia tenha sido encontrada na internet, ocorreu uma série de tratamentos a fim de redimensionar a imagem e animar. Os créditos originais dessa fotografia são desconhecidos por mim até o momento.
Alguns dos registros que Diego me enviou; algumas referências e assets pesquisados; modelo escolhido para animação.

Rigs da ave.

Alguns closes.

Aqui, um relato meu pro Diego, no decorrer desse processo de criação:
O roteiro vai se criando muito no decorrer das coisas, tal hora a cabeça priorizada e pá, depois a cabeça propositalmente ausente, dando um pouco essa viagem de deslocamento físico e mental... o lance de você estar num canto e tá lembrando de outro, o lance da saudade, dos afetos que tão aqui, mas também tão noutro canto, noutro tempo. É toda uma luta interna. Uma luta interna, uma inquietação, pra gente se apaziguar com essa compreensão de que a vida da gente tá sendo vivida em vários cantos. As viagem que eu vou pegando enquanto tô criando hauja. Tentei refletir isso de várias formas. Nessas distorções de espaço, nessas viradas, na inquietação do pássaro, no ritmo de tudo que tá full time alí batendo, afinal a gente tá vivendo aqui ou ali, mas a vida tá acontecendo em todo canto e a todo momento. Nessa viagem do pássaro 'desengolindo' ele próprio, meio que uma descamação da interiorização que a gente vai fazendo à medida que vai vivendo, ao mesmo tempo que uma noção de deixar a proteção dos pais na infância, ganhar a vida adulta e seguir um rumo. O lance de começar como uma apresentação me lembra um pouco a contação de histórias, você se apresentar é contar um pouco de você."

graúna, kurió
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