Observando seu primo correndo e gargalhando alegremente, um grande sorriso surgiu no rosto de Abby, mas logo foi nublado por lágrimas dolorosas.

            Seu peito parecia doer enquanto seu coração palpitava intensamente, o ar parecia difícil demais de respirar, sua visão escureceu, náusea a havia dominado e ela sentia que precisava sair dali, mas, enquanto suava frio, tudo em que conseguia pensar era na sua maldita perna quebrada que a impedia de se mover ou correr ou simplesmente sumir daquele lugar. Com as mãos tremendo ela derrubou o livro que segurava, mas sequer pôde ouvir o barulho, tomada por uma sensação horrível, uma mistura de terror e ansiedade.

            De repente, Meredith apareceu em seu campo de visão escurecido, mas as palavras que dizia pareciam abafadas demais. Ela tentou acudir Abby e tentar ajudá-la, mas sequer sabia o que estava acontecendo. Olhando-a nos olhos, Meredith segurou seu rosto e gentilmente encostou sua testa na dela.

            — Eu não consigo... não consigo respirar — arfou Abby, tremendo. — Não consigo me mexer... Não consigo fazer nada! Eu não quero que ele sofra. Não quero que ele sinta dor ou tristeza. Ele é tão alegre, tão inocente e tão feliz, e não quero ver tudo isso sendo arrancado dele. Mas não sei como impedir que isso aconteça. — Ela chorava, sentindo nada além de angústia. — Não sei como proteger um garotinho como ele deste mundo gigante. E menos ainda das pessoas que nos acham indignos de viver só porque somos diferentes! Eu não sei o que fazer! Não consigo fazer nada. Nada! Nada!

            Meredith, também se sentindo impotente, fez a única coisa em que pôde pensar: a abraçou, com força e em silêncio, sabendo que não havia palavras capazes de confortá-la naquele momento. Lentamente, o pânico que Abby sentia diminuiu, e, finalmente, ela conseguiu respirar fundo e se acalmar.