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Instituto de Arquitetura e Urbanismo


   A cidade de Curitiba tem se transformado no quesito do espaço construído. Vemos constantemente a mudança de mentalidade na apropriação do espaço público, principalmente pelo desuso da rua enquanto domínio público para um cenário desértico desigual, delimitado por muros. As antigas galerias e ruas comerciais se transformam em shoppings, isolados do tempo e do espaço, estimulados pela especulação imobiliária, que infelizmente representa um dos agentes formadores do espaço público, visando sempre o benefício privado.

    Nesse contexto a iniciativa pública representa uma esperança de novo tratamento do espaço público da cidade. A Universidade Federal do Paraná tem representado grandes mudanças urbanas ao longo da história de Curitiba. Primeiramente com a existência do edifício histórico, situado à Praça Santos Andrade, fornecendo uma grande escadaria de acesso à esplanada, alvo de grandes manifestações, feiras livres e simples passagem. Também conta com o complexo da reitoria, de David Azambuja, ícone da arquitetura modernista paranaense e curitibana, que abraça a cidade com uma grande praça que também concentra a convivência dos estudantes, contato da população acadêmica com a cidade. A arquitetura funciona como programa de extensão universitária. Recentemente, o concurso para elaboração de um novo campus para a universidade, no Cabral, que abrigará os departamentos de Design, Artes e Comunicação da universidade, demonstra essa vontade da instituição pública em participar da construção da Cidade. Essa vontade/dever público merece ser continuada. Agora, com uma nova chance de construir um novo espaço acadêmico público, com o projeto do Instituto de Arquitetura e Urbanismo, o qual esperamos que assuma os passos dados pelo projeto do campus Cabral.

    A Localização do campus demonstra exatamente a situação do espaço público curitibano. O Batel concentra a maior concentração de shoppings da capital, favorecidos pela legislação ZR4. O campus Batel visa aproximar o curso de arquitetura da cidade de Curitiba, ao mesmo tempo, criar espaço público que acolha a população e projetos de extensão, aproximando a arquitetura do grande público e gerar espaços de qualidade para o ensino de arquitetura e urbanismo, promovendo a prática acadêmica e profissional.
    Observando essas intenções, confrontamo-nos com os desafios e condicionantes do projeto, por localizar-se num lote de meio de quadra, com térreo elevado em relação ao passeio e também pela limitação de custos de construção e manutenção de uma instituição pública.

    Para atingir estas diretrizes principais, pensou-se em quatro grandes atos de implantação e partido, aproveitando-se da topografia e da simples disposição do programa: pré-existência, subtração, adição e sobreposição.

EMBASAMENTO. SUBTRAÇÃO E ADIÇÃO.

    Tentando se aproveitar da topografia existente, cria-se um embasamento sólido, com dois pavimentos subsolos, que gera um volume resultante da extrusão do lote de implantação. A partir de então, se subtrai a área de acolhimento, que demarca a entrada e transforma o acesso em um momento, enobrecendo a grande barra envidraçada, em um pavimento acima. 

    A partir de então, se adicionam volumes no térreo, que marcam a parte do programa público, como auditório, acervo paranaense de arquitetura e biblioteca, que abraçam uma praça elevada, com conexão direta para a Rua Cel. Dulcídio. 

SOBREPOSIÇÃO

    Definido o embasamento, se sobrepõe o programa público por uma grande barra que abriga o programa acadêmico da instituição, composto pelo Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR. Constituído por cinco pavimentos semelhantes a lajes corporativas, podendo ser modificado ao passar dos anos, com apoios periféricos promovendo flexibilidade nos pavimentos, permeados com esquadrias metálicas com maior transparência, promovendo a otimização do uso da luz natural, assistidas por lâminas protetoras de vidro serigrafado para barrar exageros da radiação solar.

ORGANIZAÇÃO PROGRAMATICA

    A organização do edifício principal ocorre por meio de duas barras, uma menor, solta do edifício que concentra toda circulação de emergência, banheiros e depósitos, ligado por passarelas ao bloco principal, que se organiza verticalmente por 6 pavimentos e 2 subsolos.

O segundo subsolo concentra todo estacionamento do edifício, com 109 vagas, juntamente com áreas de contenção de cheias, conectado à rua por duas grandes rampas que percorrem o perímetro norte do terreno.
O primeiro subsolo concentra áreas técnicas do museu, auditório, laboratórios de construção civil, escritório modelo e incubadoras (em contato com a rua), salas de segurança, docas de descarga, vestiário e bicicletário, com acesso por rampa situada à face norte do terreno.

No térreo elevado, há a parte pública do programa, no primeiro pavimento, a administração do instituto, no segundo pavimento, a concentração de gabinetes e centro acadêmico, os outros concentram a parte didática propriamente dita.

O atelier de primeiro, segundo e terceiro anos acontecem no quarto pavimento, de maneira livre, que se liga às salas suspensas, que servem de pequenos ateliers para 4º e 5º anos, visando a simulação da vida profissional, contato entre estudantes e explosão dos antigos ateliers de projeto fechados em si. O atelier foi entendido como uma grande sala, para uso cotidiano. Aulas específicas serão ministradas em salas de aula teórica ou laboratórios. Aulas de desenho técnico e projeto ocorrerão em forma de atendimento, no próprio atelier.

A parte pública do programa consiste nas Áreas de Biblioteca, Museu de Arquitetura Paranaense, auditório, área expositiva e pátio público, conformadas pela adição de volumes de concreto orientados em leste-oeste, que conformam o pátio externo.

PELE E ESTRUTURA

    A estrutura consiste no embasamento de concreto e pilares que atingem o 5º pavimento na barra do curso de arquitetura, com vãos de 10,00 m e 15,00 m, sustentando as lajes nervuradas da edificação. O pavimento de estúdio possui pé-direito duplo, com salas suspensas em forma de mezanino, que configuram um 5º pavimento pela estrutura metálica que apoia painéis de lajes alveolares para cobertura e também as aberturas zenitais.

A pele do edifício consiste em uma fachada plena de vidro transparente, protegida por uma fachada externa de vidro serigrafado, barrando a radiação solar exagerada. Somente na parte de circulação vertical há transparência praticamente total. Os vidros externos se sustentam por abraçadeiras parafusadas em perfis metálicos chumbados à laje nervurada, externo à parte interna do edifício. Os vidros internos São fixados em esquadrias de alumínio diretamente no piso e teto dos pavimentos.

CIRCULAÇÃO

    A circulação principal do edifício é composta por lances de escadas que percorrem a construção, passando por todos os ambientes da edificação, conferindo ao projeto de arquitetura uma dimensão mais permeável e ampla, instigando o usuário a perceber o edifício e usá-lo. Diferentemente das circulações mecânicas e de emergência, que se localizam em um bloco separado que se liga ao grande volume tectônico por passarelas, juntamente com áreas servidoras.

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UFPR Institute for Architecture and Urbanism new building.

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