ABRAÇO CULTURAL

“Pertencer a essa cultura e estar tão longe é como andar carregando um peso enorme. Só quando eu cheguei aqui é que eu pude compartilhar um pouco desse meu peso com os outros”. Assim disse o professor congolês Joel Aronson, em um debate sobre saúde mental e imigração na sede paulista do Abraço Cultural. Como Joel, estrangeiros das mais variadas origens encontraram ali um espaço de acolhimento após muita procura. 

O Abraço Cultural é uma ONG, seu objetivo é fornecer estabilidade financeira para refugiados empregando eles como professores de línguas. Lá, são dadas aulas de árabe, espanhol, francês e inglês. O seu diferencial pedagógico é ensinar a língua enquanto apresenta para o aluno a cultura dos países de origem de seus professores. É um ponto de encontro de diversas nações das Américas, da África e do Oriente Médio.

Este ensaio é um retrato desse espaço em dois tempos: o real é o especulativo. O real diz respeito aos momentos capturados nas fotografias. Não há muito mistério, trata-se dos instantes registrados nas fotografia. No caso, feitas em cinco dias diferentes ao longo do segundo semestre de 2019. Em dois desses dias, foi feito o registro das aulas e do espaço; em outros dois, aconteceram os happy hours do abraço, eventos com várias demonstrações culturais como danças egípcias, pinturas de henna do sudanesas, leitura de borra do café, decoração latinoamericana entre diversas outras; e, no último dia, foram feitos retratos mais produzidos dos professores. 

O tempo especulativo tem a ver com a ordem que as fotografias estão apresentadas. A sequência foi organizada pensando em retratar as emoções que os professores devem ter sentido nos seguintes momentos: quando começaram a avaliar que deveriam sair do seu país de origem; o instante em que situação chegou a um ponto em que isso era inevitável; a partida; a chegada em um novo país; as dificuldades de adaptação; seu encontro com o Abraço Cultural; e, por fim, a sensação de acolhimento