REIVINDICANDO ESPAÇO
Pedro Taylor, FS Ollie Switch Five-o
O skate é um dos esportes mais praticados e mesmo assim muito mal visto aqui no Brasil. O motivo disso é o fato de ser da rua. Nos anos 60, época que marca o início da prática, o pessoal invadia piscinas vazias da Califórnia para andar. Estamos nas ruas desde então, porém sempre olham com olhos estranhos pro nosso lado. Por isso reivindicamos nosso espaço, para mostrar um pouco do meu olhar sobre isso vou falar um pouco sobre com imagens e texto.
Thiago Machado, Flip
Comecei a andar em 2011. Não tinha noção do tanto que isso ia influenciar na minha vida, vendo as revistas de skate comecei me interessar por fotografia e com o tempo comecei a entender o tanto de possibilidades que a cidade pode nos dar. É um espaço onde você pode ser livre e adaptar com as mudanças que ele sofre sempre, sem parar, e isso que torna as possibilidades infinitas para sair flanando por aí com seu carrinho e descobrindo cada vez mais o espaço urbano, usamos calçadas, vãos e tudo que seja considerado skatável por nós de acordo com nosso estilo também.
Heitor Gomes, Wallie
Com o tempo fui percebendo a dificuldade de se aproveitar o espaço urbano através do skate, as pessoas normalmente associam skatistas com vagabundos, dizem que não podemos andar aqui ou ali simplesmente porque não querem, na verdade não gostam. Estamos em um espaço comum, somos livres para ir e vir, usamos a cidade de acordo com nossa visão, para lazer ou trabalho. Em alguns casos há a ocupação de lugares esquecidos por grande parte da população, tornando o lugar um ponto de encontro ou destinando até mesmo para eventos de skate, assim lugares considerados perdidos pra uns se tornam importantes para outros, como é o caso do Vale do Anhangabaú, em São Paulo.
Pedro Taylor, High Jump Desfocado
Comecei a mostrar essa forma diferente de enxergar o espaço urbano através de um projeto audiovisual chamado inconsistência, idealizado com mais dois amigos que andam comigo há muito tempo, com isso conseguimos criar uma identidade única de uma tríade, nós andamos de skate por diversão e mostrando que esse espaço é nosso também. Não achamos que estamos o conquistando porque é um espaço comum onde todos nós podemos manifestar nosso pensamento, fazendo isso nós reivindicamos o direito de expressar o que gostamos, independente de como.
Vinícius Costa, BS K-Grind à esquerda e BS Five-o à direita
Por fim, o skate me mostrou um novo mundo, uma nova forma de encarar a cidade e os acontecimentos, meu modo de pensar e agir, meu olhar sobre as coisas, poder defender uma pequena (ou grande) ideologia. Andar de skate no Brasil é bem difícil, não somos bem vistos perambulando pela cidade, é sempre um desafio, um ato de resistência. Vamos aos poucos mostrando que podemos sim intervir no espaço em que estamos todos os dias, livres, indo e vindo sem que ninguém nos fale que não estamos no nosso lugar de andar.
Dudu Silva, BS Noseslide à esquerda e Pedro Taylor, BS K-Grind à direita.
Você pode ver nosso projeto "inconsistência" no Youtube.
