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Kaira Looro Architecture Competition 2019

Kaira Looro Architecture Competition 2019 - Projeto Duda Mello, Guilherme Mazzei e Loris Astolphe

CONCEITO DO PROJETO

"The proposed banner is the symbol of whole world, not a country, but the whole civilized world. The banner proposed has on the white background three united amaranth spheres as a symbol of eternity and unity. Although we don't know when this banner will fly over all cultural monuments but undoubtedly the seed has been sprouted. Already it attracts the attention of great intellects and is directed from one heart to another, awaking the idea of peace and benevolence among peoples. 
We are asked to collect where the signs of our Banner of Peace are. The sign of trinity is found scattered around the whole world. Now anybody can explain it by various ways. One says that it is the past, present and future united by the circle of eternity. Others explain it as a religion, knowledge and art in the circle of culture."[2]
Nicholas Roerich, April 1935, during the Roerich Pact, about the banner of peace.

O símbolo da paz (banner of peace), como apresentado por Roerich no Pacto Roerich, é a proposta de uma representação universal que promove a preservação da cultura e da história independente do tempo e do espaço em que estas acontecem. A coerência desta simbologia e deste pensamento são perfeitamente associados ao programa de necessidades do concurso, o que nos levou a adota-la como partido projetual. Pretendemos, por meio da arquitetura, marcar a região do Casamance no sul do Senegal com um espaço de paz que preserve e celebre a história local, e de o poder aos visitantes de sonhar com um cenário pacífico em uma área atualmente marcada por conflitos étnicos, religiosos e pela exploração.  

A implantação do projeto ocorre dentro de um circulo com raio de 15m, marcado por finos blocos de pedra gravados com os nomes das várias etnias e aldeias que representam a região do Casamance. Antes que as pontas desse circulo se encostem e feche, elas convergem para o interior do circulo em direção aos três volumes circulares  principais, com raio de 5,5m, pelos quais distribui-se a programação do pavilhão. Este circulo mais externo representa a cultura, a eternidade, e é ornamentado por um horta comunitária composta por espécies da agricultura local, onde os moradores poderão compartilhar boas práticas agrícolas além de conhecer novas técnicas de plantio. 

O programa do pavilhão foi distribuído pelos três volumes circulares de aproximadamente 100m2, cada qual com uma função definida de acordo a atividade a ser realizada no espaço: temos um espaço para exposição, um para sensibilização e outro para contemplação. 
            O espaço expositivo é composto por uma área coberta e outra descoberta, destinada a exposição de obras de diferentes tipos e tamanhos. Visa promover artistas que possuam obras que compartilhem dos mesmo valores do pavilhão, e estabeleçam um diálogo com a região. Por esse motivo, as principais aberturas desse espaço apontam para direção noroeste rumo as plantações de arroz e à arvore Fromager, de importante significado para a cultura local, propondo um diálogo entre o que esta dentro e o que esta fora do espaço. Esta área abriga também um espaço destinado a atividades administrativas e de armazenamento.
            A área destinada a sensibilização abrigará uma exposição permanente de fotos que contam a história do local, no intuito de preservar a memória, difundir os conhecimentos sobre os conflitos da região entre os visitantes e conscientiza-los sobre as consequências destes para a população. Este espaço possui auditório para seminários e apresentações de música e dança (manifestações artísticas populares na região). Com o mesmo propósito do espaço expositivo, as aberturas deste ambiente apontam na direção sudoeste para o mercado popular, para a outra árvore Fromager e para as ruinas do governo da antiga colônia. 
            O terceiro volume é o espaço de contemplação, isolado dos outros dois espaços afim de tornar-se mais silencioso e meditativo. Possui apenas duas aberturas, uma estreita de acesso, direcionada á terceira arvore Fromager mais próxima do pavilhão; e outra grande, possibilitando ampla visibilidade para o rio Casamance. Este espaço é cortado pelas linhas do circulo mais externo que adentram a forma sem se encostarem, criando uma linha de força poderosa, passando pela estreita entrada deste espaço em direção a extremidade desta área contemplativa, onde encontra um braseiro de chama eterna levemente apoiado sob um espelho d`água, com o rio ao fundo. Tanto no ocidente como no oriente, o fogo é um símbolo regenerador e purificador, por isso para ali convergem as linhas formadas pelos blocos de concreto com os nomes das diferentes etnias da região, tornando claro nosso conceito que traz como partido a requalificação dessa área através do incentivo a arte, ao conhecimento e a espiritualidade, atingindo assim um estado de paz.
            
             
USO DOS MATERIAIS

A escolha dos materiais foi feita com base na oferta de matéria prima da região, visando a mínima utilização de materiais importados afim de reduzir custos e garantir que a estética não seja estranha ao entorno. Optamos por materiais que são expressivos e funcionais por si só: a pedra, a terra, a areia, a madeira e a palha. Estes materiais aparecem nas edificações existentes da região, estabelecendo um diálogo entre a arquitetura pré-existente e a arquitetura do pavilhão.
O principal elemento construtivo é a parede de taipa (composta por terra, areia e argila), com propriedades que favorecem o conforto térmico e acústico dos espaços, além de ser um material altamente sustentável, sem tóxicos, sem desperdício e inteiramente reciclável. Este sistema construtivo permite trocas gasosas entre os ambientes, mantendo a umidade relativa do ar e evitando, de maneira natural, fungos e bactérias, contribuindo para a salubridade do espaço. É uma técnica de execução simples, a qual pode ser realizada por mão de obra local, e possivelmente ter sua prática mais difundida na região, a qual sofre com problemas de insalubridade, que afetam o índice de mortalidade infantil e a expectativa de vida do entorno.   

PROCESSO CONSTRUTIVO

O processo construtivo possui vocação econômica, sustentável e participativa. Para a estruturação da parede de taipa é necessária a criação de moldes de madeira para que a terra seja modelada. A implantação possui elementos simples e que se repetem justamente para minimizar o número de moldes necessários. Estes moldes serão posteriormente utilizadas na composição estrutural da cobertura, que será feita com madeira e coberta por palha. Será implantado um sistema de captação de água pluvial nas coberturas, a fim de otimizar este recurso na irrigação da horta comunitária e na manutenção do pavilhão. Toda as etapas do processo construtivo visam a participação da população local, para que esta se simpatize e valorize a edificação como algo próprio, além de difundir boas praticas construtivas e técnicas que poderão ser utilizadas para melhoria das edificações e, consequentemente, da qualidade de vida da região.
Kaira Looro Architecture Competition 2019
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