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[TFG] Escola Pública de Ensino Fundamental II

Perspectiva do acesso.
'Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para ‘reformar’os homens,aprimeira coisa é ʻformá-los.”
Lina Bo Bardi em Primeiro: escolas, Habitat, no4, 1951
CONSTRUINDO O LUGAR

A Linha Verde, zona de desenvolvimento urbano recente de Curitiba, tem como uma de suas metas atuais promover o adensamento populacional das áreas compreendidas. O objetivo é induzir o crescimento da cidade para o eixo da BR-116, proporcionando uma integração mais abrangente da urbe. Sendo assim, equipamentos urbanos são necessários para que a meta se concretize; afinal, são suportes básicos para vida: saúde, educação, lazer, e locomoção. Desse modo, notou-se na porção sul da Linha Verde, região dos bairros Guabirotuba, Hauer e Parolin, a quase ausência de escolas de ensino fundamental, assim como a ausência desse equipamento perto de suas divisas. Entretanto, a região é bem abastecida por linhas de ônibus, além de possuir o terminal do Hauer e outros tipos de equipamentos.

A intenção de implantar uma escola ensino fundamental é modificar o cenário atual não apenas do bairro que a receberá mas também dos bairros ao seu redor. O objetivo é que este novo equipamento funcione como um catalisador urbano, gerando melhorias para atender a futura população que residirá nesta porção da Linha verde. O sítio escolhido, localiza-se no Guabirotuba, e possui formato de um paralelogramo levemente angulado definido pelas ruas: Canal Belém (170,5m), Miguel Bakum (76,7m), José Pancetti (171m) e Romeu Branco (74,5m), conformando uma quadra de aproximadamente 12.800 metros quadrados; com a vizinhança conformada por edificações baixas, predominando sobrados geminados e casas térreas.

A Rua Canal Belém além de definir a divisa entre os bairros Guabirotuba e Hauer, também margeia o Rio Belém. Este é um rio emblemático de Curitiba, não só por conta de sua importância histórica no surgimento da cidade, mas também por se tratar de um rio estritamente urbano, já que tem sua nascente e sua foz dentro do perímetro urbano da cidade. Além disso, devido a Área de Proteção Permanente (APP), é estabelecido um recuo de 50 metros a partir do eixo do rio que novas edificações devem obedecer.
A proposta elaborada adota um partido que, sem prescindir sua missão institucional, a escola deve ser apreendida como uma casa, reconhecida como lugar de pertencimento e referência. Como resposta ao entorno, o projeto busca afirmar e reforçar o rio Belém como parte da identidade da cidade: parte da área da Rua Canal Belém é integrada ao terreno para criação de uma praça para comunidade, que contará com áreas de permanência, hortas coletivas e um mirante para rio. O intuito é possibilitar a reaproximação entre a população e o rio, desconstruindo a imagem de via de dejetos, e oferecendo uma nova oportunidade para este contato.​​​​​​​

Perspectiva da praça pública
A organização do programa de necessidades parte da articulação dos acessos da escola. Um eixo de acesso principal, paralelo a Rua Romeu Branco, é conformado por duas entradas: uma na Rua José Pancetti e outra pela praça criada junto ao Rio Belém. Ambas são amplas, se abrindo para o entorno e convidando os usuários a entrarem na edificação por meio de uma rampa acessível, marcando a transição dos espaços pela mudança de nível. Este eixo oferece também uma generosa cobertura que funciona como um átrio de acolhimento o qual, além de se configurar como a área de convivência, é permeado por diversos usos. 

De um lado pela quadra poliesportiva, e do outro por um volume composto pela secretaria, biblioteca e auditório, que divide a parte publica da parte privada do programa, restrita aos alunos, professores e funcionários. Esta articulação permite que os programas do ginásio, biblioteca, auditório, e administração possam ter seu acesso eventualmente liberado à comunidade, aos finais de semana ou festividades, sem qualquer prejuízo ao funcionamento das atividades didáticas. O acesso aos espaços de ensino restrito é guardado pela sala de convivência de funcionários e pelas salas da direção. Dessa forma, os funcionários e diretores podem monitorar a entrada e garantir a segurança dos alunos.
A escola conta com um total de 12 salas de aula para 30 alunos, diretamente conectadas a pátios cobertos e descobertos. Os pátios configuram uma parte indissociável do cotidiano de exploração das atividades educacionais, pois são espaços de aprendizagem, uma extensão da sala de aula, que proporciona às crianças as primeiras construções de interação social. Estes pátios foram dispostos a partir de suas dimensões e vocações de forma a permitir que os mais diversos grupos se apropriem dos espaços e construam seus “lugares”, convivendo harmonicamente e reconhecendo o seu espaço claro e configurado. 

Quatro pátios cobertos de dimensões iguais fazem o arranjo das salas, e este que por sua vez configura as dimensões dos pátios descobertos; dois amplos e um mais singelo em frente ao refeitório e algumas áreas de apoio (DML, banheiros e vestiário de funcionários). Os pátios cobertos, além de resguardar o convívio dos alunos das intempéries, também são espaços reservados para armários individuais (90 em cada pátio), além de também abrigar áreas de exposição de trabalhos, conquistas, avisos e elementos decorativos. 

Os três pátios descobertos, possuem atmosferas diferentes. O primeiro tem toda sua área permeável e a mesma se encontra no nível da praça, é rodeada por uma pequena escada de três degraus, que se torna assento durante o recreio. O segundo, possui as mesmas dimensões, mas tem sua área permeável reduzida e abriga uma escada que conduz ao pavimento superior. O terceiro tem medidas modestas e serve como contemplação e transição para refeitório. Este tem capacidade para 130 pessoas, e também possui vista para um horta, permitindo que os alunos tenham uma perspectiva diferente sobre alimentação.

Todo pavimento térreo é tangenciado por uma barreira composta por tijolos espaços com amarrações diferentes. Possui a função de resguardar a escola do espaçoexterior, e através dos diferentes padrões de fiadas confere ritmo a fachada além de gerar diferentes desenhos de sombras.
No pavimento superior se encontram dois setores diferentes: um que abriga laboratórios e outro que abriga um espaço com atmosfera mais informal para abrigar atividades pós-classe (monitorias, realização de trabalhos, acesso a internet e reforço escolar). O acesso a este nível acontece através de uma rampa acessível que conduz o usuário ao espaço das atividades pós-classe ou pela escada do segundo pátio que nos leva diretamente aos laboratórios, todos dentro dos padrões estipulados pelo MEC.

O pavimento superior é marcado pelo uso do policarbonato alveolar Thermoclick. No ginásio tem a função de vedação e nos setores de laboratórios e atividades pós-classe como componente da fachada ventilada. Em ambos funciona como filtro da luz natural, a tornando mais difusa.

O projeto da escola também obedeceu parâmetros recomendados pelo MEC e pela resolução no 0318/2002 da Secretaria do Estado da Saúde do Paraná como acessibilidade, número adequado de peças sanitárias acessíveis, quantidade de peças sanitárias por aluno, saídas de emergência e outros
[TFG] Escola Pública de Ensino Fundamental II
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[TFG] Escola Pública de Ensino Fundamental II

Public School in Curitiba/PR - BR

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