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Associação Cultural Japonesa do Recife

ASSOCIAÇÃO CULTURAL JAPONESA DO RECIFE  ACJR
recife/pernambuco
A comunidade nipônica no Brasil é a maior comunidade japonesa fora do Japão. A partir de 1908, o Kasato Maru trouxe para São Paulo 781 vidas a bordo, os primeiros do que se tornaram, no futuro, uma comunidade, ainda que dispersa, de mais de 300 mil nipo-brasileiros. O fim do período Edo, marcado pelo Xogunato de Tokugawa, e a ascensão da era Meiji, em 1868, trouxe consigo inúmeros problemas financeiros e consequentes problemas no campo. A política imigratória manifestou-se como uma possibilidade de minimizar tensões sociais, sobretudo a partir de 1880. Estados Unidos, Peru e México, antes do Brasil, tornaram-se destinos de muitos japoneses. As dificuldades técnicas com as plantações de café, somadas com o sistema de endividamento devido à vinda por contrato, e todas as barreiras culturais encontradas pelos japoneses, eram suplantadas na perspectiva de retorno à terra natal – o que raramente acontecia. A ascensão econômica tornou-se, nesse cenário, uma necessidade de sobrevivência, seja partindo para as cidades ou permanecendo no campo, tornando-se arrendatários ou proprietários. Os anos de 1930 até a eclosão da II Guerra Mundial, foi uma fase de intenso fluxo migratório e exploração de oportunidades em outros territórios do Brasil, como o Nordeste, inclusive com a produção de bens diversificados: algodão, hortaliças, arroz, bicho-da-seda, chá, avicultura, entre outros. Para além das colônias organizadas pelas companhias de viagens, os trabalhadores passaram a se organizar de forma independente, com familiares e companheiros, inaugurando associações, escolas e direcionando-se para outros estados do país, em busca quase sempre de novas terras e melhores condições. É nesse cenário que Pernambuco recebe alguns desses trabalhadores, ainda que seja o estado do Brasil com menor densidade demográfica de nipo-brasileiros. Eles erradicaram-se nas colônias no sertão de Petrolina; entre as matas de Rio Bonito; e em Recife, capital do estado, que também abriga a Associação Cultural Japonesa do Recife (ACJR), no bairro da Várzea, e o Consulado Geral do Japão para o Nordeste, em Boa Viagem. Na Associação, reunem-se brasileiros cuja ascendência remonta a essas famílias de imigrantes radicados e suas práticas culturais. Atualmente, conta com 96 famílias associadas, promovendo diversos eventos culturais, dos quais apenas alguns deles foram registrados por mim. A Escola de Língua Japonesa do Recife, o grupo de música Ren-Taiko Recife e a Feira Japonesa do Recife, realizada todo ano, desde 1997, na rua do Bom Jesus, no bairro do Recife Antigo, talvez sejam as mais famosas dessas atividades. Todavia existem muitas outras atividades tradicionais que são realizadas há décadas, mensalmente, dentro da associação. Essas fotos almejam cumprir uma humilde missão, ainda que poderosa: contribuir com a salvaguarda de patrimônios tão diversos que ajudam a compor as vidas desses brasileiros cujas histórias são fascinantes. Aqui estão presentes muitas histórias: algumas delas de superação, outras de alegrias; algumas contam saberes, outras tantas falam sobre o passado – uns mais perto do que outros, em tempo, mas também em espaço. Entretanto todas falam de afeto. Sobre ele também nos falou Marcos Olender, nos lembrando que esse sentimento, profundamente mobilizador, deve ser nossa bússola quando pensamos nessas tantas formas de manifestações da vida humana a que costumamos chamar de patrimônio.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Gustavo H. Gomes. A imigração Japonesa no contexto das relações de trabalho em São Paulo no começo do século XX. XXII Encontro Estadual de História da ANPUH-SP. Vol 01. no. 01. pp. 1-16. Santos, 2014.

KODAMA, Kaori. O sol nascente do Brasil: um balanço da imigração japonesa. In: IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.

OLENDER, Marcos. O Afetivo efetivo. Sobre afetos, movimentos sociais e preservação do patrimônio. In: SCHLEE, Andrey Rosenthal. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, v.35, pp. 321-240. Brasília: Iphan, 2017.

SILVA, Liliana Amy Murakami Rodrigues da. Associação Cultural Japonesa do Recife: Sobre a preservação dos registros da comunidade nipo-brasileira no Recife. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia). Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Artes e Comunicação, Departamento de Ciência da Informação, Recife, 2022.


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