Texto escrito para a exposição Memórias da terra querida Jundiaí, produzida como encerramento do mês do patrimônio histórico:

Como é comumente definido, pensa-se um patrimônio como um bem material ou natural de tamanha relevância para determinada sociedade que sua preservação seja imprescindível na manutenção de uma memória coletiva.
É notável que, de um jeito ou de outro, as memórias que construí de cada um destes locais é diferente da que meus pais construíram, que, por sua vez, são completamente diferentes das de meus avós. 

As obras aqui expostas nasceram de um desejo de retratar a cidade em que nasci e cresci a partir de um ponto de vista particular, enquanto recordo minhas vivências e admiro as belas arquiteturas remanescentes do fim do século XIX e início do século XX,  como o Teatro Polytheama, cujo restauro foi projetado pela arquiteta que muito me inspira, Lina Bo Bardi.

O estilo Neogótico da Catedral Nossa Senhora do Desterro e as características arquitetônicas do Oriente Médio percebidas na Mesquita Omar Ben Abed Al Aziz, sempre me fascinaram, bem como a grande cúpula do conhecido “Bolão” e, é claro, o Paço Municipal, que pode ser visto de todos os cantos da cidade. 

A famosa Ponte Torta,  outrora permitia que carroças atravessassem pessoas sobre o rio Guapeva do Centro para Estação Ferroviária, cuja extensão, o Complexo Ferrovia Paulista S/A (FEPASA), atualmente é conhecida como Expressa, lar da Unidade de Gestão de Cultura.

Por fim, não poderia deixar de citar o Complexo Argos, que é, provavelmente, um dos lugares de Jundiaí que mais frequentei. Suas construções industriais conservam as memórias daqueles que lá trabalharam quando este existia em forma de indústria têxtil enquanto, na atualidade, abriga a Biblioteca Nelson Foot, antiga fábrica de tecidos, o Centro Internacional de Estudos, Memórias e Pesquisas da Infância (CIEMPI), a segunda creche inaugurada no Brasil, a TVTec e a Unidade de Gestão de Educação.

Todos esses lugares me trazem lembranças de momentos que vivi e das tantas histórias que me foram contadas. Espero, com esta exposição, poder compartilhar algumas das minhas muitas memórias da “terra querida Jundiaí”.

Luca Ferrari