Neste trabalho, para além da fotografia e da colagem digital, a pintura com tinta também desempenha um papel fundamental. Na visão do observador, a cidade não é apenas um cenário, mas um espaço que o influencia e é por ele influenciado. Surge, então, o desejo de transformação: a aspiração de se tornar um peixe ou uma embarcação, navegando por diferentes recantos da ilha urbana.

A produção artística presente na imagem confere novas dimensões à identidade do observador. Uma criatura híbrida, assemelhando-se a um peixe e evocando a forma de uma embarcação, apresenta os pés do observador como nadadeira. Essa figura híbrida simboliza não apenas uma conexão com o ambiente marinho, mas também remete aos antepassados, aos bisavós que chegaram a este país por meio de embarcações. A aspiração de se tornar uma "embarcação" reflete o desejo de liberdade de movimento, de chegar e partir conforme a vontade, navegando pela cidade que é seu território.

A metamorfose almejada, ao se tornar um "bicho", e a possibilidade de navegar como um navio, representam a vontade de explorar novos espaços urbanos. Esta representação artística convida a uma reflexão profunda sobre a relação entre identidade, espaço urbano e ancestralidade, sugerindo uma busca por conexões mais profundas e uma exploração mais abrangente da cidade e de suas histórias.