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Audaz — Solicite ajuda, mulher

Audaz — Solicite ajuda e coloque um basta na violência doméstica
Como utilizei o UX Design para criar um aplicativo seguro e acolhedor para as vítimas de violência doméstica
O Desafio
As vítimas de violência doméstica estão ao seu lado, e vocês nem imaginam. Essas mulheres precisam receber acolhimento e muito apoio para terem coragem de se livrar dessa situação, em que a maioria se submete por causa de filhos ou até mesmo por religião, entre outros motivos.

E foi pensando nisso que a ONG Menina Flor me pediu para desenvolver uma solução alcançável para essa questão muito delicada, e com essa solução poder oferecer ajuda e acolhimento para essas vítimas.

O Cenário Atual
Analisando algumas pesquisas, infelizmente notei que os casos de agressões e violência doméstica tiveram um drástico aumento dentro da pandemia, causada pelo COVID-19. No primeiro semestre de 2022 a central de atendimento do governo registrou 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres. A ONG Menina Flor tem se empenhado para atender todas as denúncias que foram registradas dentro do sistema, são muitas ligações e poucos voluntários.

Entendemos que para obter sucesso é necessário criar um ambiente mais acolhedor, é importante que haja mais voluntários e doadores, assim poderíamos oferecer uma estrutura mais completa para essas vítimas.

Os principais impedimentos para alcançar esse sucesso é lidar com a falta de engajamento, a falta de voluntários dentro dessa iniciativa, e também não saber de que forma abordar o assunto “violência doméstica” sem afastar a vítima. Geralmente as vítimas não são tão abertas, sentem vergonha de sua história. Queremos mudar esse cenário.

Objetivo do produto
Criar e desenvolver um aplicativo que ofereça segurança e acolhimento para as vítimas de violência doméstica.

Facilitar o processo de pedir ajuda, ajudar a vítima de forma acessível e intuitiva. Oferecer uma modalidade de registrar provas contra o agressor de forma discreta.

Receber voluntárias dispostas a ajudar essas vítimas de violência doméstica. Isso inclui qualquer tipo de pessoa, como advogadas, psicólogas, delegadas, e etc, até as voluntárias que um dia já foram vítimas da violência doméstica e hoje querem ajudar de alguma forma.

Elaborei o objetivo do negócio utilizando a metodologia SMART, que parte principalmente de oferecer uma forma rápida e acessível de pedir ajuda e de se informar o suficiente para a vítima não se submeter a relacionamentos abusivos outra vez. E ao analisar o cenário dessa causa, percebo que só se torna possível ao oferecer uma solução online que abranja todo o processo de registrar provas e ao pedido de ajuda — desde a ajuda psicológica, até a ajuda de alguma autoridade da polícia/justiça e etc.

Objetivo do negócio
Utilizando a metodologia S.M.A.R.T darei início ao objetivo do negócio
Personas — Usuários
Foram identificados 2 tipos de personas dentro desse projeto: As ex vítimas de violência doméstica, e a filha de vítima de violência doméstica. Para te ajudar a criar mais familiaridade com o perfil de cada usuário, criei as personas ajustadas de acordo com o comportamento observado das pesquisas quantitativa e qualitativa.
Para alinhar com a realidade, utilizei o Pixar StoryTelling para detalhar mais as personas e aspectos de suas rotinas

Pixar StoryTelling — Julia e Paula:
Além de realizar o Pixar StoryTelling, desenvolvi também um mapa da jornada do usuário ajustados de acordo com o comportamento observado dentro das pesquisas quantitativa e qualitativa. Para melhor compreender as ações e as interações com o produto final.

Mapeamento da jornada das usuárias:
Primeira etapa de validação
Para desenvolver a primeira etapa de validação, desenvolvi uma Matriz de CSD para avaliar qual seria o foco das pesquisas.
Considerando as etapas anteriores, assumi duas técnicas. A primeira foi a pesquisa Quantitativa que foi gerada através de um formulário enviado por redes sociais como Instagram e grupos dentro do Facebook. A segunda técnica aplicada refere-se à Pesquisa Qualitativa, onde compreendo de forma aperfeiçoada quais são os sentimentos, dificuldades e atritos enfrentados pelas pessoas no contexto do desafio.

Pesquisa Quantitativa
Para compreender os aspectos mais frequentes na experiência de denunciar o agressor, realizei uma pesquisa quantitativa. Para posteriormente aprofundar mais nas frustrações e nas motivações. Organizei um formulário com questões que me guiaram a alguns dados importantes. O intuito dessa pesquisa é validar ou não as suposições levantadas acima

Promovi o formulário através das redes sociais, e no total consegui captar 25 pessoas, que são, ex vítimas de violência doméstica e pessoas que conhecem alguém que sofre com a violência doméstica. Não é fácil tratar esse assunto, e com essa pesquisa pude validar uma dúvida que foi levantada na matriz CSD, e pude validar que as pessoas não estão dispostas a falar sobre esse assunto, percebe se que gera um desconforto.

Resultados a seguir:
Importante deixar em ênfase alguns dados coletados:

Vertente “Hoje não sofro mais”

33,3% das ex vítimas tem de 46 a 50 Anos
Atualmente 55,6% estão casadas
44,4% possuem 2 filhos
66,7% atualmente estão trabalhando
88,9% dessas vítimas sofreram mais violência psicológica, 77,8% Física e 55,6% moral

Vertente “Conheço uma vítima da violência doméstica”
31,3% das vítimas tem +50 anos

Quem são essas vítimas?
31% dessas vítimas são as mães
44% colocaram a opção “outras” se referindo a irmã, prima, tia e sogra
69% dessas vítimas não aceitam a ajuda de seu próximo
56,3% soube que a vítima sofria violência doméstica através da própria vítima
Pesquisa Qualitativa
Para melhor entender os dados da pesquisa quantitativa, me aprofundei na próxima etapa que foi a pesquisa qualitativa, onde eu pude compreender as dores e frustrações de pessoas que se disponibilizaram a conversar comigo. Direcionei as entrevistas da melhor maneira possível para investigar oportunidades de soluções. Esta fase do projeto foi muito importante para esclarecer algumas dúvidas restantes.

No processo das entrevistas pude concluir algumas informações, como:

1. As vítimas de violência doméstica raramente conseguem ter uma vida independente financeiramente, seus parceiros as proíbem de estudar, de trabalhar

2. Essas vítimas têm muito medo de dar um basta na relação, por vários motivos como, não ter dinheiro, nao ter para onde ir, não ter apoio dos familiare e por não sentir segurança e firmeza das autoridades

3. Conhecidos dessas vítimas, como vizinhos, amigos e até mesmo familiares, preferem não se envolver e acabam deixando essas vítimas sem apoio algum.
As vítimas sentem vergonha em falar sobre seus casos, e sentem falta de suporte de autoridades, isso faz com que elas não procurem a delegacia ou canais de ajuda.
Alternativas de solução
Ao alinhar os insights obtidos com as pesquisas, utilizei a técnica How Might We (Como poderíamos). E em seguida realizei a matriz de impacto e esforço para priorizar a solução.
Procurei optar pelo alto impacto e baixo esforço, assim posso fornecer uma solução com uma experiência mais agradável, e com maior relevância em um menor prazo
cesse a o link do artigo a seguir para acompanhar com mais detalhes como ocorreu o processo de priorização da solução:

Solução
Mediante aos resultados de todas as pesquisas e entrevistas, entendo que a acessibilidade é o foco, cheguei a conclusão de que no momento a melhor opção é mesmo um aplicativo para mobile. Reflita e idealize o cenário da vítima precisando pedir ajuda? Éum ato que demanda coragem, então que o caminho seja simples e ágil para essas vítimas obterem resultado.
Revisando todas as informações coletadas até o momento, decidi as melhores definições para poder projetar o desenho.

Crazy 8's
Mirando no problema, comecei a desenvolver e realizei a técnica de desenho que é o Crazy 8’s, gerando um entusiasmo a mais para ter ideias.
Rabiscoframe
A partir dessa técnica Crazy 8 ‘s, pude passar a limpo as melhores ideias para o rabiscoframe.
link do app marvel para poder navegar no rabisco frame —
Clique aqui ↗ PROTÓTIPO AUDAZ — MarvelApp

Segunda etapa de validação
Utilizei métodos como chamadas de vídeos e mensagens de texto para realizar essa etapa com o protótipo de baixa fidelidade. E observei pontos sobre a navegação e o entendimento da interface projetada.
Primeiro teste de usabilidade
Através de videoconferências realizei o primeiro teste de usabilidade, os usuários presentes nessa etapa não tiveram grandes dificuldades em interagir na interface, afirmam ser de fácil navegação. Requisitaram melhorias na interface, botões e ícones.

Wireframes e Fluxo do aplicativo
Fluxo do aplicativo—
Guia de estilos
Achei importante separar em outro artigo mais completo sobre a estrutura do guia de estilos, porque há muito significado por trás de todas as escolhas. Então aqui deixo uma amostra, mas peço que entre no artigo a parte para compreender melhor as escolhas.
Segundo teste de usabilidade
O teste de usabilidade foi realizado dentro da plataforma Maze, eu consegui 15 usuários para realizar esse teste.
Título da missão: Navegue pelo aplicativo Audaz.
Missões:
1 — Cadastre-se e entre no aplicativo
2 — Entre nas postagens
3 — Clique para escrever uma postagem
4 — Volte para a HOME
5 — Clique em ver notícias
6 — Abra a notícia da Unesp
7 — Volte para a HOME
8 — Clique no botão de emergência
9 — Clique de volta e sairá da emergência
10 — Clique em doações
11 — Clique para doar para a instituição Artemis
12 — Por fim, entre no perfil da Paula Lopes.

“Agradeço pela sua participação nesse teste de usabilidade.”

Resultados:
63,64% de sucesso indireto. Ou seja, os testadores completaram as missões por caminhos inesperados. Usaram caminhos alternativos para abrir as funcionalidades.
5,3s de duração média da experiência do usuário dentro das interfaces
36,36% de desistência. Ou seja, testadores que saíram ou desistiram da missão.

Sobre a usabilidade das interfaces:
Apresentaram algumas interações inesperadas entre elas, também houve reclamações sobre ter muita informação e isso tornou cansativo e causando distrações. O botão de emergência foi descrito como intuitivo e de boa aparência no intuito de chamar a atenção.
Já o botão de criar uma nova publicação não foi intuitivo, muitos não souberam identificar como uma ação imediata de criar postagem, o formato dele é redondo com um “+” em seu meio, talvez por não ter uma cor que chamasse atenção, a cor do CTA seria de bom tom.
Entendo que houve alguns desentendimentos na hora de seguir as missões, acredito que seja por ter tido muitas instruções, e isso deixa de ser prático e acaba confundindo um pouco. Alguns usuários relataram também que o botão de entrada/login poderia ser mais destacado, e que a cor roxa que é a minha cor primária, cansou um pouco a vista, que estava em exagero nas interface, Ou seja, poderia ter um visual mais clean.
Conclusão e aprendizados
É com orgulho que falo que esse é o meu segundo projeto dentro de UX/UI e claramente não vou parar por aqui, pelo simples fato de que esses projetos me ajudam a melhorar e a ter mais tato dentro da profissão, e é notável que precisam de melhorias em certos pontos.
Minha estética de design é um pouco pesada ainda, e eu almejo criar protótipos com uma estética mais clean e “mais limpa”. Acredito inclusive que uma especialização na área de UX Research é o indicado, para poder entregar com êxito bons resultados, saber priorizar perguntas necessárias e ter boas abordagens dentro da pesquisa qualitativa.

Esse segundo projeto foi um pouco diferente, eu realizei ele sozinha, iniciei no dia 20 de Agosto de 2022 e estou finalizando agora no dia 05 de Dezembro de 2022. 4 meses de aprendizados, e eu acredito que seja o projeto mais intenso que realizei por ter o tema de violência doméstica sendo abordado, conversei com vítimas e filhas dessas vítimas, foi algo delicado. Deixo o meu agradecimento a todos que me ajudaram, a todos que deram suporte, a todos que se prontificaram a participar nas etapas de pesquisas quantitativa e qualitativa.

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