Esta foi uma maquete premiada com terceiro lugar em um concurso, produzido pelo Armazém da Utopia e a Companhia Ensaio Aberto, e patrocinado pela FUNARJ.
O produto dos três primeiros colocados da oficina seria enviado para ser exibido na Mostra dos Estudantes da Quadrienal de Praga de 2023. E consistia em seguir os dois temas abordados no evento deste ano, o tema geral: RARO. E o tema para os estudantes: TRADIÇÃO E TRANSGRESSÃO.
Foi uma semana bem intensa na produção dessa maquete, e inclusive alguns danos foram causados por conta de um temporal no dia da entrega. Mas foi um resultado muito mais do que satisfatório que relevou uma capacidade que antes eu não acreditava que tinha. Agradeço aqui ao J.C. Serroni e ao Luiz Fernando Lobo pelos ensinamentos para alcançar o resultado almejado. E também sou grato pelas pessoas que conheci naquela oficina.
Segue então, abaixo, o conceito utilizado:
Maquete Cenográfica: Bretanha
A ideia, principalmente proposta, a ser seguida nesta maquete é levar em consideração onde ocorre a ação da peça teatral em questão, a “Rei Lear”. O texto se passa na Bretanha, uma região peninsular do Norte da França que se estende para o Oceano Atlântico. A localidade é conhecida por seus penhascos que se encontram com o mar, por isso o palco foi projetado com esse formato topográfico remetendo a localidade francesa. Assim o espetáculo inicia-se no ponto mais alto e encaminha-se para o ponto mais baixo, sempre com a plateia os acompanhando livremente, a razão é que à medida que as cenas forem se passando, o público tenha uma aproximação maior com os personagens, descartando no final a ideia de superioridade da realeza.
Por si só o tema abordado já traz uma referência a tradição, tema proposto no evento deste ano. Por isso buscou-se trazer a transgressão, primeiramente pela aproximação com o público e a desvinculação do formato tradicional cenográfico, e também com o incomum contexto em que o cenário se insere: o Armazém da Utopia, este lugar localizado na antiga zona portuária do Rio de Janeiro, preserva em sua estrutura anos de história através do tempo.
Restando alcançar os objetivos do raro, este tema geral, através do uso de azul. Um pigmento dificilmente encontrado na natureza e que por séculos foi associado à realeza e ao seu poder. Precisa ser destacado também a influência dos efeitos psicológicos que a cor azul transmite no espectador, uma cor que ao mesmo tempo que traz a harmonia e tranquilidade para a cena, pode trazer também à tona a frieza de alguns personagens. O uso do ouro deveras ser evidenciado conjuntamente, este sendo até hoje um elemento de extrema raridade, que ainda é relacionado a poder e status quo.
Planta baixa do Armazém da Utopia, que possui aprox.: 33m x 102m
Banner de proposta para a Quadrienal de Praga de 2023
E aqui abaixo, seguem algumas fotos do resultado da maquete produzida, e também algumas anotações expostas pelo Serroni.
A maquete já exposta
Anotações do Serroni sobre a peça Rei Lear:
