A câmera que me fez desistir do filme.
Houve um tempo em que todos os fotógrafos, profissionais ou amadores, fotografavam em filme, e isso nem é tão antigo assim, mas era um tempo bem diferente de hoje.
Fotografávamos em filme, a internet fazia barulhos estranhos e era bem lenta, redes sociais apenas engatinhavam e celulares mal eram capazes de fazer ligações, o que dirá fotos.
Uns 20 anos depois e temos conexão 5G, smartphones com câmeras de 100 megapixels e é raridade encontrar fotógrafos clicando com filme, existem, e formam um grupo fiel de devotos da película, mas são poucos. A maioria de nós, profissionais ou amadores, clica de forma digital.
Naquele início dos anos 2000 a fotografia digital começava a ganhar impulso e o grande debate entre profissionais era quando o digital iria alcançar a qualidade do filme. Bom, isso para mim aconteceu em 2004 quando comprei uma certa câmera e é sobre isso este artigo. Antes de continuar, vamos ver fotos, todas clicadas entre 2004 e 2006.
Lente Canon EF 24mm f/2.8, 8 segundos de exposição, abertura f/22, ISO 100
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Lente Canon EF 17-40mm f/4L USM, 1,6 segundos de exposição, abertura f/16, ISO 100
Lente Canon EF 24mm f/2.8, 2 segundos de exposição, abertura f/22, ISO 100
Lente Canon EF 200mm f/2.8L USM, 1/800s, f/5, ISO 100
Lente Canon EF 28-200mm f/3.5-5.6 USM, 1/320s, f/13, ISO 200
Lente Canon EF 17-40mm f/4L USM, 1/125s, f/14, ISO 100
Lente Canon EF 17-40mm f/4L USM, 1/200s, f/16, ISO 100
Lente Canon EF 17-40mm f/4L USM, 1/5s, f/22, ISO 100
O que há em comum entre todas as fotos? Cliquei todas utilizando a Canon EOS 10D, minha 1ª DSLR, uma câmera lançada em 2003, com sensor sensor APS-c de incríveis 6 megapixels, isso mesmo, seis.
Eu atuava profissionalmente na fotografia e antes da EOS 10D tive câmeras de filme, mas da 10D em diante fui progressivamente parando de clicar com filme, estamos falando de 2004 a 2006, adquiri a EOS 10D em 2004 e em 2006 já não clicava um único fotograma de filme, nada, era um fotógrafo 100% digital.
Os 6mp eram suficientes para muitos usos comerciais, era uma resolução suficiente para uma página inteira impressa no formato A4 e era raro em meu trabalho de fotografia publicitária uma demanda maior que essa. Eu clicava para anúncios de restaurantes que poderiam ocupar 1/4 de página numa revista, talvez meia página, folders de empresas variadas como metalúrgicas, indústrias químicas e tantas outras, eram materiais para feiras de negócios e uma foto poderia até tomar uma página inteira do folder, mas não passava disso, fiz capas de catálogos de produtos, tudo impresso A4 ou menor.
A EOS 10D resolvia todos os meus problemas profissionais daquele momento e ao fazer isso, aposentava, ao menos para mim, o filme.
A redução do prazo de entrega do trabalho clicado em digital, a não dependência de fornecedor de revelação, a não necessidade de digitalizar as imagens e a consequente redução de custos fez com que eu começasse a ser mais chamado para trabalhos que os meus colegas ainda receosos com o digital.
O cliente podia ver a foto na hora, podíamos debater ideias, algo impossível com a fotografia de filme. Abraçar cedo o digital me fez ganhar clientes e fechar mais trabalhos, foi a decisão certa.
Eram 3072 x 2048 pixels, ou 26x17cm em 300dpi, não chega a encher um A4, mas com algum trabalho no Photoshop a gente esticava um pouquinho o arquivo e dava certo.
Em 2006 a Canon lançou a EOS 30D, com 8,2mp, resolução que já enchia todo um A4, foi minha segunda DSLR.
Quando lembro de tudo isso acho graça das reclamações que vejo hoje, há quem reclame das modernas e completas mirrorless de hoje, há quem reclame dos smartphones de hoje. Um A4 ocupado com os 6mp da EOS 10D já resolvia tantos problemas na minha vida profissional daquele ano de 2004, e sim, para as demandas atuais de redes sociais, a velha EOS 10D daria conta tranquilamente, basta ver a qualidade das fotos que postei aqui.
Vivemos a época de ouro dos equipamentos fotográficos, câmeras com dezenas de megapixels, que fazem fotos e vídeos, que são repletas de recursos, sejamos gratos a tudo de bom que a evolução tecnológica nos trouxe e vamos sair por aí para fotografar mais.
Nos vemos num próximo artigo. E logo abaixo você vê o vídeo lá no YouTube onde contei outros detalhes desta história que você acabou de ler aqui no artigo (vídeo entra no ar dia 23/08). 😃
Armando Vernaglia Jr.
fotógrafo, cinegrafista, professor, youtuber, músico e tomador de café.
fotógrafo, cinegrafista, professor, youtuber, músico e tomador de café.
