Adios: Do grande ímã do fundo da terra abrem-se portas. O que existe lá nunca será tocado como uma maçã partida e mesmo assim não existe mistério, é simples assim: malabarismos movem o universo nas mãos de um Bobo. O chapéu do Bobo é louco, se mistura com as próprias bolas das mãos e não se distingue quem é quem. O que se pode saber é que sua roupa de Rei é coisa nua, seu corpo inteiro se espalha pra todo lado em infinitas partículas cheias de nada, só riso colorido, escrachado. Joga-se um pé pro alto e uma nova onda surge, milhares de sóis, luas e estrelas mortas vivendo em diferentes tempos se movem, órbitas que escorregam por ondas em infinitas teias perpendiculares, transversais e todas as geometrias moles do seu chapéu psicodélico. Ele se mistura com o resto como um gato pardo no escuro, só que do avesso, é tanta cor que parece brincadeira de olho-mágico. Se você olhar pro infinito vai conseguir ver.
Botei meu traje mais colorido pra encontrar com ele, rodei mais rápido que o planeta e acabei no futuro. Em segundos o Bobo me lança mais uma vez pro agora. Não alcanço sua velocidade e elasticidade, mas retorno inevitavelmente para o agora com uma nova visão: vi cada parte do seu corpo se transformar em outros corpos leves, são milhares de Deuses que flutuam num espaço estendido do próprio corpo, eles absorveram a energia de todo o universo e agora podem dançar como quiserem. Repousam de ponta cabeça com o dedo mindinho, pois a parte de baixo é também qualquer parte, porque seus corpos são como tecidos que dão a volta neles mesmos e em todo o espaço.
Ganho apenas uns segundos de abobolhamento e volto cheia de novas idéias. Sim! Girei tanto que a ampulheta do tempo desceu sobre a minha cabeça e me arremessou na terra com oito minutos de adiantamento da luz do sol, informações preciosas desceram tão rapidamente que quase me deram náuseas, tive que segurar no umbigo para futuras ocasiões necessárias. Volto com saudade da eternidade, fecho os olhos e minha mente jorra uma luz azul que me faz sentir algo assim: é devagar que você chega lá, movendo-se milímetro a milímetro poderá alcançar a dança dos planetas. Aí eu paraliso: quando começa e quando termina a dança?
Lightly Mad
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