Conto Narrativo - escrito em 2016
Prólogo
Paris - 1328
O reino estava em festa, música podia ser ouvida em cada esquina e as pessoas dançavam animadas com a música que os donos de tavernas tocavam em comemoração ao nascimento do mais novo membro da realeza, Madeleine Carpentina, uma pequena princesa que assumiria o trono um dia e pela expectativa de ver a princesa em alguns dias o povo de Versalhes estava em festa.
Dentro do castelo a rainha olhava sua pequena princesa dormir em seus braços, seus cabelos cor de mel grudavam na testa devido ao suor produzido pelo trabalho de parto, mas ela não podia se importar menos com seu cabelo enquanto assistia sua filha dormir em seus braços ajeitada em uma manta azul clara, logo ela veio a ouvir algumas batidas na porta e se ajeitando melhor que pode em sua pose de rainha disse com a voz autoritária:
- Entre.
Quem entrou foi a velha chefe das empregadas que mesmo com os cabelos agora quase completamente tingidos de branco ainda conseguia ser a melhor e mais eficiente empregada do castelo inteiro, a mais velha disse após uma referência:
- Alteza, a condessa Valois está aqui para ver a senhora.
Um sorriso se acendeu no rosto da rainha que disse em uma voz suave para não acordar o bebê:
- Mande-a entrar Adelaide por favor.
A mulher novamente fez uma referência e disse:
- Sim vossa alteza.
Logo a condesa estava dentro do quarto sorrindo enquanto se movia suavemente até a rainha com o vestido púrpura arrastando no chão, Monique Valois era um pouco mais velha do que a rainha porém tinha crescido com a mesma então querendo ou não era bem próxima da rainha da França o que era uma maravilha para a mulher esnobe, a mais velha disse se sentando na cama da rainha para ficar ao lado de sua antiga amiga:
- Oh, Meredith ela é linda, olha só ela tem seu nariz.
A rainha riu enquanto ajeitava sua filha no colo para dizer logo depois:
- Quer segura-lá?
A mulher parecia surpresa porem disse enquanto alisava a saia de seu vestido:
- Seria uma honra alteza.
Meredith sorriu enquanto colocava Madeleine no colo da condessa com cuidado, a mais velha sorriu olhando para o bebê adormecido e disse enquanto deixava seu olhar vidrado na princesa:
- Posso colocá-la no berço para conversamos melhor?
A rainha concordou e logo podia observar sua amiga de longa data andar pelo quarto para colocar o bebê adormecido no berço que estava abaixo da janela.
Enquanto a condesa se encontrava de costas ela sorria olhava para a janela, tudo estava indo de acordo com o que ela e Victor tinham planejado e claro que a lâmina escondida no espartilho não a deixava esquecer de nenhum detalhe do plano, então com a lâmina já em mãos após colocar o bebê no berço a moça disse com um sorriso escondendo qualquer indício de sua verdadeira intenção:
- Meredith, você já pensou em passar a coroa para outra pessoa?
A rainha olhou confusa para a condesa enquanto dizia:
- Claro que sim, para o primeiro filho homem que eu tiver oras.
A mulher novamente sentou na cama de Meredith e disse enquanto sua mão suada segurava firmemente a adaga atrás de suas costas:
- Quero dizer, já pensou em abdicar o trono?
A mais nova de um sorriso terno e disse calmamente:
- Não, nunca pensei nisso, ser rainha pode ser a última coisa que eu pensava querer ser, mas estou feliz com isso agora.
Monique sorriu, era um sorriso frio porém a moça sempre fora boa atriz então nem mesmo a rainha que a conhecia desde que eram crianças teve como perceber o próximo movimento da moça enquanto a mesma falava:
- Acho que você não terá escolha agora.... Vossa Alteza
E então quando a faca brilhou nas mãos da condesa a rainha nem mesmo teve como reagir, seus lábios se abriram porém nenhum som saiu deles enquanto a faca era cravada em seu coração e sangue escorria do local, nenhum som fora ouvido por míseros segundos, mas esse silêncio logo foi quebrado pelo choro do bebê, a condesa se virou para onde Madeleine aparentemente dormia e falou para ninguém além do vento e si mesma:
- Droga, a criança vai chamar a atenção dos guardas.
E como mágica assim que a moça disse essas palavras a porta se abriu, porém não eram os guardas como ela tanto temia era somente a velha chefe das empregadas que quando viu o sangue ensopando a camisola de sua adorada rainha tudo que ela conseguiu foi abrir a boca em silêncio, nenhum som saia da sua boca quando a faca ensanguentada foi apontada para si e a voz daquela que a empregada tinha visto tantas vezes rindo com a rainha em bailes se fez presente:
- Se não ficar em silêncio, essa faca vai ter seu sangue também.
Adelaide estava em choque, não conseguia se mexer, não conseguia falar, só conseguia olhar para o vestido púrpura da condesa agora manchado de sangue.
As duas continuaram se encarando até que a mais jovem ali disse:
- Você tem duas opções, ou leva a culpa ou você some com a princesa.
A mais velha continuava numa espécie de choque enquanto tentava processar o que lhe tinha sido dito, ela continuou parada olhando as mãos ensanguentadas da condesa que disse com um tom mais ameaçador:
- Se mova!
A mulher ainda tremia enquanto andava até o bebê é a segurava contra seu peito como se aquilo pudesse proteger a criança da condesa que sorria e dizia com malícia na voz:
- Leve esse bebê pra outro lugar, largue em algum beco ou uma casa de uma criada qualquer, só quero que ela fique longe do trono.
E então Adelaide saiu correndo enquanto Monique se dirigia até o corpo já frio da rainha se preparando para a atuação de sua vida, foi quando ela pôs as mãos no peito ensanguentado e gritou que ela soube, o trono agora seria dela.
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