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Texto produzido para o blog Emma Fiorezi, marca de moda gestante

BLW: conheça a introdução alimentar sem papinha

“Muito mais do que um método, o BLW é uma abordagem utilizada na introdução alimentar. Quando falamos de método, há regras e comportamentos a seguir, mas no BLW não é dessa forma que as coisas funcionam. Aqui, cada bebê é considerado único e a sua família também, pois isso a abordagem respeita a individualidade da criança e os costumes daquela família.”

É assim que a nutricionista infantil, Natalia Ferreiro Rosa, começa nos explicando sobre o assunto de hoje. Conversamos com ela para saber tudo sobre o BLW e entender melhor
como iniciá-lo na vida do bebê.

O que é o método BLW?

A sigla significa “Baby-Led Weaning”, o que ao pé da letra traduzimos como desmame guiado pelo bebê. Porém, a nutricionista ressalta que não necessariamente vai acontecer o desmame assim que iniciar o BLW, já que ele pode demorar meses ou anos para acontecer. “Então, a gente prefere chamar de alimentação guiada pelo bebê”, explica Natalia.

A abordagem se diferencia da introdução alimentar realizada com papinhas e comidas amassadas. No BLW, a ideia é dar a oportunidade do bebê aprender a comer, e não apenas comer, por isso, os alimentos são oferecidos em pedaços para que ele possa pegá-los e levá-los à boca.

Apesar do bebê comer sozinho, ele nunca deverá estar desassistido. A responsabilidade do adulto é acompanhar todo o processo: desde o preparo correto das comidas até a supervisão enquanto ele come.

A partir de quantos meses pode ser introduzido?

A introdução alimentar, independentemente do método, deve ser iniciada aos seis meses, que é quando o sistema gastrointestinal está pronto para receber outro alimento que não seja o leite materno.

A partir dessa data, é necessário realizar uma avaliação de outras características do bebê, os chamados sinais de prontidão. Segundo a especialista, “é preciso analisar se ele senta sem apoio ou não, se tem interesse pelos alimentos, se leva objetos à boca… Então, há essa avaliação respeitando a individualidade de cada bebê, pois não é porque ele fez seis meses que está pronto, já que isso pode demorar algum tempo a mais”.

De que forma deve ser feito?

É importante que a criança tenha um local adequado para esse momento, como uma cadeirinha de alimentação ou até mesmo o colo de um adulto. Bebês conforto, carrinhos ou tapetes não são indicados por conta da segurança, já que deixam a criança em um posicionamento inadequado para comer.  A atenção plena durante a refeição também é fundamental, por isso, nada de TV, celular ou tablet.

Natalia conta que não há regras sobre qual alimento começar, desde que ele seja saudável. Pode ser fruta ou legume, o importante é respeitar os hábitos familiares O melhor formato para oferecer as comidas é em palito. Nessa idade, o bebê ainda tem uma pega de mão fechada, então essa forma possibilita que ele consiga pegar sozinho. Assim, comidas pequenas, como grãos, tomate cereja e uva, não são as melhores opções neste primeiro momento, já que bebê não está apto para pegá-los por conta do seu desenvolvimento motor.

Na hora do preparo, é importante que o alimento esteja macio o suficiente pro bebê poder fazer o amassamento, ou seja, nem tão duro e nem tão mole. Ao cortar em palito, garanta que seja em uma tamanho que sobre um pedacinho para fora da mão para que ele possa levar a boca.

Quais as vantagens e desvantagens do método BLW?

“Desenvolve autonomia, coordenação motora, independência, boa relação com os alimentos saudáveis, estimula o gosto pela boa comida, respeita as individualidades, etc”. A especialista em Saúde, Alimentação e Nutrição Infantil explica que esses são apenas alguns dos muitos benefícios do BLW para o bebê.

Outra grande vantagem é o resgate do momento de comer em família que não é mais tão visto hoje em dia. Isso faz toda a diferença pra questão do comer saudável, pois a criança interage com o alimento e cria experiências positivas com algo que a mãe, o pai, a avó ou responsável preparou com carinho. O paladar não é formado só pelo contato com a boca, mas, sim, por todos os sentidos, e o BLW dá essa oportunidade.

Natalia conta que uma das reclamações que costuma ouvir é sobre a sujeira, mas afirma que isso faz parte do processo. Hoje em dia, há muitos meios de reduzir esse empecilho, como tapetes que podem ser colocados embaixo do cadeirão, babadores de manga comprida que evitam sujar a roupa e babadores de silicone que contam com uma bolsinha para a comida cair direto nela. Assim, é possível adaptar a sujeira e facilitar o dia a dia.

Mas não engasga?

O medo do engasgo é um mito criado a partir do desconhecimento. O bebê, como proteção, tem um reflexo chamado gag reflex. Seu corpo manifesta esse reflexo por meio de um movimento parecido com uma ânsia e também pela tosse. Essas duas formas de proteção muitas vezes são confundidas com o engasgo, mas na verdade as vias aéreas da criança estão totalmente livres para continuar respirando.

De acordo com a nutricionista infantil, o risco de engasgo com um alimento grande e no formato adequado para o desenvolvimento do bebê é muito menor do que com um líquido, por exemplo. “Há um controle da boca com um pedaço de comida dentro dela. Já com o líquido, não, pois ele se espalha e fica mais difícil de controlar”, explica.

A orientação da Natalia para não confundir um gag reflex com um engasgo real é entender que o engasgo é uma obstrução das vias aéreas, então o bebê fica roxo e estático nesse caso, e aí é necessária uma Manobra de Heimlich.

E como fica a amamentação?

O leite materno (ou, na impossibilidade, a fórmula infantil) ainda é o principal alimento até um ano de vida. Então, a amamentação continua em livre demanda e a introdução alimentar vai entrar nos intervalos em que o bebê estiver disponível. O aleitamento materno corresponde a mais de 70% de suas necessidades, por isso, ele precisa do conforto da amamentação para estar disposto a explorar as comidas.

Uma dica valiosa da especialista é tirar o peso da introdução alimentar como se o bebê tivesse que comer muito desde a primeira vez. Não é porque a criança fez seis meses que ela deve comer, mas, sim, ser apresentada aos alimentos.

“O bebê tem que criar experiências positivas com aquele alimento para que, no momento em que necessitar dele como fonte principal de nutrição, vai ter aprendido a comer. Mas, neste primeiro momento, é só essa interação: amassa, cheira, pega, leva na boca, leva no cabelo, cria intimidade e relacionamento com o alimento”, finaliza Natalia.
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