A sociedade actual é marcada por um cinismo notável, uma "falsa consciência esclarecida". 

 

(Sloderjitk,2011)

 

   O cinismo vive da discordância entre os princípios proclamados e a sua prática. Temos consciência que agimos incorretamente, que os nossos actos têm consequências negativas num futuro próximo, no entanto, fingimos não saber. Deixamo-nos ser enganados, usamos a moral a favor da imoralidade, vontades privadas sobrepõem-se a vontades universais. Assim, o método critico-ideologico tradicional não funciona para converter consciência cínica, pois a realidade é ilusão.

 

   O acto de comprar é uma diversão, um prazer, um hobbit, e uma maneira de passar o tempo. Nesta máquina de venda automática, os brindes são bibelôs transformados e camuflados de uma forma paródica. Os objectos possuem uma autenticidade, carregando a simbologia das " regras do jogo social"  que (me) permite manipular os espectadores. São colocados de forma a serem desejados, mesmo não sendo objectos de necessidade.

   

   Também eu como contemporânea estou a ser cínica. Critico e em simultâneo cedo ao capitalismo.  Deixo-me ser contagiada pelos os valores que me rodeiam, que sei serem dificeis de contrariar, de tal modo estão intrínsecos na sociedade. Vendo a minha arte por um euro, como algo descartável. Desvalorizo o meu trabalho. Torno-o uma diversão e conjuntamente, sobreponho a minha vontade particular à necessidade universal que defendo.