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Pesquisa: Vale da estranheza

Introdução 
A hipótese do Vale da Estranheza é descrita como a relação entre a semelhança de um objeto com um ser humano e a resposta emocional que este objeto evoca (Mori, 1970). Portanto, a valência dessa resposta está relacionada ao grau de realismo do objeto ao longo de uma escala linear definida como dimensão da semelhança humana (DHL) (Cheetham et. al., 2013). Há evidências sugerindo diferenças na percepção de faces reais e artificiais entre observadores homens e mulheres (Bailey & Blackmore, 2017) e algumas hipóteses de que as mulheres possuem um tipo de especialização para reconhecer faces femininas (Lewin & Herlitz, 2002). Este plano de trabalho investiga possíveis diferenças na percepção de faces femininas e masculinas em relação ao sexo do observador ao longo da DHL. Utilizamos o rastreamento ocular para avaliar o tempo de permanência nas regiões de interesse (ROI; olhos, nariz e boca) e também medimos o tempo de resposta (RT) dos indivíduos na categorização das faces como artificiais ou reais.

Metodologia
Participaram da pesquisa 29 pessoas (15 mulheres; faixa etária= 18-34 anos) sem conhecimento prévio sobre o objetivo do estudo. O experimento ocorreu em uma sala com atenuação de som e teve duração aproximada de 45 minutos. O movimento dos olhos foi registrado usando o Eye Tracker Binocular Systems de 200 Hz, com um apoio de queixo e testa para estabilizar a cabeça dos participantes. Na fase de treino, todos foram instruídos a identificar cada estímulo com rapidez e precisão como “real” (i.e., humano) ou “artificial” (i.e., avatar) pressionando as teclas A ou L, respectivamente, em um teclado de computador. Como o presente plano de trabalho faz parte de um estudo maior, que investiga faces femininas e masculinas, na tarefa experimental foram apresentados aleatoriamente 100 estímulos contendo faces reais e artificiais de mulheres e homens, cada uma com 10 níveis de morphing continua faciais para representar a DHL. A análise dos dados, aqui, será focada somente nas faces femininas.

Resultados 
Os resultados do limiar de categorização mostraram que as faces mais ambíguas, e que recaem no vale da estranheza, são as apresentadas no 6º nível de morphing ao longo da DHL. Foi observado que os participantes apresentaram uma percepção categórica na tarefa proposta. Os resultados da análise geral das ROIs mostraram que os participantes olharam mais nos olhos, nariz e boca, respectivamente. Não houve diferenças no tempo de permanência do olhar na área dos olhos ao categorizar as faces como “artificiais” ou “reais”. Os participantes passaram mais tempo olhando o nariz de rostos ambíguos em comparação com o nariz de avatar e faces humanas durante uma tarefa de categorização real vs. artificial. Nem o sexo da face nem o sexo do participante influenciaram os resultados. As faces artificiais foram categorizadas mais rapidamente do que as faces reais. Nenhum efeito principal para sexo da face e sexo do participante foi encontrado.

Discussão/Conclusão Estudos anteriores mostram que é observada uma curva em forma de sino para o RT ao longo da DHL com pico próximo ou no nível de morphing do limiar de categorização (Cheetham et al., 2013; Cheetham, Suter, & Jäncke, 2011). Segundo a hipótese mente-olho (Just & Carpenter, 1980), o movimento dos olhos pode refletir o processamento da mente, então uso do rastreamento ocular possibilita a compreensão do fenômeno do Vale da Estranheza. É preciso entender como a percepção humana reage à computação gráfica e outros avanços tecnológicos cada vez mais presentes atualmente. Essa investigação pode contribuir para o desenvolvimento de personagens humanos realistas para filmes, jogos, robôs e até mesmo chatbots. Um grande desafio do design gráfico é recriar o realismo de faces humanas e que não recaiam sobre o Vale da Estranheza. Pesquisas como esta fornecem informações importantes sobre as regiões faciais mais diagnósticas e que demandam mais esforços do ponto de vista do processamento perceptual.

Colaboradores: Ivan Bouchardet da Fonseca Grebot, Michella Vaz de Castro e Pedro Henrique Pinheiro Cintra.

Palavras-Chave
Vale da Estranheza; Percepção de faces; Rastreamento Ocular; Diferenças de sexo.

Leia o artigo completo em https://bit.ly/UncannyValleyStudy
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