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ARTIGO | Como ser criativo?

Nestes poucos, porém intensos, anos trabalhando e estudando a criatividade dentro do âmbito comunicacional já me deparei com esta questão diversas vezes. Ora na fala de outros que procuram em mim alguma luz para prosseguir em algum trabalho, ora feitas por mim em crises criativas (acontece com todo mundo, acredite). Não há fórmula mágica, mas saiba que todos nós temos a capacidade e ela pode ser desenvolvida e aprimorada.

Mas antes de tudo: o que é criatividade? Em linhas gerais, é a capacidade de criar uma solução inovadora e coerente para um problema novo ou não. Cientificamente, há artigos e mais artigos definindo o termo pelo prisma sociológico, biológico, filosófico e por aí vai. Mas deixemos o academicismo de lado - parcialmente, claro – e sigamos para as dicas.
Entendendo que a criatividade é criar soluções inovadoras, a primeira dica vem de uma famosa frase do escritor francês Marcel Proust: “a verdadeira viagem de descobrimento não consiste em procurar novas paisagens, e sim em ter novos olhos”. Absolutamente tudo em sua vida pode tornar-se gatilho para a criatividade. “Olhe além do que você vê” (poderia aqui dizer que é de um autor famoso, mas é frase do Rafik no filme Rei Leão mesmo), seja curioso. Criatividade se estuda (quanto mais conhecimento em determinado ofício, mais ferramentas terá para encontrar soluções para problemas que houver nele), mas também, se vive. E isso depende, antes de qualquer coisa, de querer. Porém, vale aqui um adendo, querer infelizmente nem sempre é querer. Como o historiador Karnal diz em um de seus vídeos “se eu tivesse que plantar mandioca o dia inteiro, meu estudo de latim e alemão teria avançado muito menos”. Dentro das corporações, é preciso flexibilidade. Fora delas, é preciso acessibilidade. Algo ainda distante em uma sociedade desigual, com jornadas de trabalho estafantes, transporte estressante e muitas vezes indigno, falta de oportunidade, entre outros problemas sistêmicos. Não que dentro do caos não haja a luz, mas é muito mais difícil correr quando se está com os pés amarrados.

O olhar gera informações e essas informações tornam-se ferramentas para criar. E aqui fica a segunda dica: criação não é algo divino que de forma milagrosa assola sua mente aleatoriamente. Alias, conviva com um designer e ouvira raivosos “será que o cliente pensa que eu tenho uma bola de cristal?!”. Indignação válida para alguém cujo trabalho é interpretar a informação e traduzir em um trabalho visual, coerente com uma demanda comercial que pertence a um terceiro e que esteja esteticamente agradável. Mas, e a criação artística? Não seria ela subjetiva advinda de um dom? Bom, além da técnica pertinente a arte, o sentimento também provém de informações. Nossas percepções e as reações que elas provocam -como a tristeza, felicidade, saudade, medo, entre outros - também formam um repertório que pode se traduzir em solução criativa para desenvolvimento de qualquer outra inovação.
A terceira dica é: não tenha medo de errar. A ousadia, e não precisa necessariamente ser um feito grandioso, ir um passo a mais do que normalmente costuma-se ir é o suficiente para quem quer sair do lugar. Não existe ideias erradas, existem apenas ideias que podem ou não se encaixar na situação que pretendia empregá-la.
A quarta (e última, eu prometo) é buscar o conhecimento. Esse sim, técnico e teórico. Por mais que absolutamente tudo possa ser material criativo, estudar te possibilita desenvolver o pensamento crítico para canalizar e direcionar as informações para um objetivo, seja ele qual for. Te dá recursos para, não só ter a ideia criativa, mas saber o que fazer com ela e como fazer.

Essas são só algumas dicas que, espero eu, possa ajudá-los a refletir sobre o assunto e reduza o “não sou criativo” que paira em vossas cabeças. Todos temos a capacidade de criar. Pés firmes no chão te permitirão enxergar e sentir o mundo que o cerca e, só assim, a cabeça poderá habitar as nuvens e encontrar dentro de você o que tanto procura.
Publicado originalmente no: Linkedin
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