Projeto documental que tem por objetivo mostrar um pouco da essência de dois trabalhadores que remanesceram por décadas (entre um mundo contemporâneo de efemeridades) em suas profissões.
ADEMIR ANDRADE - "Eu vim do Rio Grande do Sul para cá, em 2003, trabalhei no shopping meio ano com um amigo meu que também veio de lá... daí esse tempo, como estava mal financeiramente, eu procurei algum emprego que me sustentasse melhor..."
Ele cessa a conversa e fala: "Mas, é tudo coisa de Deus, sabe? É tudo coisa de ter Deus no coração, que ele vai te encaminhando... eu consegui ampliar, melhorar, sempre investindo para melhorar, todo dia faço a compra do que precisa aqui, desde 2004, preparo os materiais logo cedo, o coco, o bacon, milho... e, quando tá tudo pronto, eu abro. Eu gosto de abrir, assim, umas 9 horas, porque nós nos acostumamos a esse horário, o horário do comércio, então se vir aqui até umas 19 horas, estamos trabalhando ainda, dá por volta de 12-13 horas por dia... de segunda a sábado, porque domingo não tem movimento. Mas se houvesse ficaríamos também...
"Não é pela ganância, é por você cumprir com os compromissos, sabe... eu tenho minha casinha, meu carro, e eu adoro o que faço né, você tem que fazer tudo com amor né, e as vezes alguém chega aqui dizendo: “Hey, dá a receita?”, e eu digo que a receita é fazer com muito amor e carinho. A satisfação do vendedor é ver o cliente satisfeito, é ele gostar do que tu faz, é voltar e te elogiar."
"Temos agora pipoca de chocolate com coco, que foi bem aceita essa receita, caramelizada, o pessoal adorou. Eu tenho a de bacon, a colorida e agora iremos fazer também a pipoca com queijo, uma pipoca bem especial, eu viajo até São Paulo para comprar esse queijo..." – Ele diz, orgulhoso.

"Agradeço sempre a Deus, por ter saúde e poder trabalhar e eu tenho na mente o seguinte: se hoje não foi bom, amanhã não é, mas amanhã ‘vai’ ser, então aquilo que vem é a bênção de Deus e temos que encarar." – Diz seu Ademir, com veemência.
 

Jalil Damus, Ednilson Junior and Luiz Roberto
Film Develop: Luiza Eberhardt
©  - 2013
ADEMIR POLEZA - Ademir Poleza trabalha como taxista em Itajaí a pouco mais de 20 anos, sempre no ramo dos transportes ele nos conta um pouco da vida e das historias que vive uma pessoa que passa a maior parte de seu tempo “sobre 4 rodas”. Com olhar assustado pela abordagem, o taxista perguntou desconfiado o que precisávamos, mas logo , encheu o rosto com um sorriso e respondeu a todas as nossa perguntas, depois de uma breve apresentação e de perguntar alguns dados básicos para “quebrar o gelo”, iniciamos a entrevista.
Você trabalha como taxista há quanto tempo? – “Olha, no táxi eu estou há uns 20 e poucos anos, lá na minha cidade eu trabalhava no táxi também, daí dei um tempinho e fui por caminhão, já fiz Van e Ônibus, também, sempre nesse meio aqui”.
A insegurança aumentou muito desde que você começou nesse ramo? – “A insegurança aumentou e o trabalho diminuiu, agora todo mundo tem moto, tem carro, ninguém mais anda de taxi! É muito fácil ter um automóvel hoje em dia, e a gente tem que subir a tarifa porque a gasolina aumenta, as peças do carro aumentam os impostos aumentam, entendeu?”
Quem decide o preço das tarifas? – “Pra isso nós temos um sindicato que se encarrega de botar na balança tudo isso que te falei e passar pra prefeitura, pra botar uma tarifa pra poder trabalhar“.
Porque deu um “tempinho” do táxi? – “Ah! O táxi ele é muito inseguro [perigoso], tem muito assalto, hoje em dia eu já não trabalho de noite.” - Ademir conta que o último assalto que sofreu foi em Balneário Camboriú, ao redor das 22hs e que uma pessoa bem vestida o parou e pediu para levá-lo até o Bairro das Nações, no fim da viagem o passageiro o assaltou: “Ele tirou um facão desses de açougue e botou na minhas costas . Eu só falei: ‘leva tudo mais não me machuca’... Agora eu estou mais tranquilo, tenho meu ponto e pessoas que trabalham pra mim.”
Você ama o que faz? – "Olha, eu vou te dizer uma coisa, apesar de toda insegurança, assalto, o cansaço, esse negócio da queda de movimento, eu adoro o que eu faço!
Eu vi Itajaí crescer, antes esse ponto aqui era lá do outro lado, e essa rua corria pra lá!” [analisa seu Ademir]. “Mais é bom sabe, graças a Deus , meus filhos estudam, eu tenho minha casinha... eu estou muito feliz.”

Jalil Damus, Ednilson Junior and Luiz Roberto
Film Develop: Luiza Eberhardt
©  - 2013
Remanesce.
Published:

Remanesce.

Projeto documental que tem por objetivo mostrar um pouco da essência de dois trabalhadores que permaneceram por décadas (entre um mundo contempor Read More

Published:

Creative Fields