O antigo armazém Macedo sofreu inúmeras alterações na sua morfologia desde o início de sua construção, relacionadas diretamente com a mudança de funções e demandas de uma nova época. Atualmente, o edifício se encontra em situação de Ruína resultado do abandono e ação das intempéries.

 

Por uma questão de respeito com o edifício e com o tempo (época) de intervenção, o presente estudo visa restaurar a volumetria original do Armazém e Barracão anexo, transformando-os em uma galeria de arte / museu em Antonina, com acesso para um café adjacente, que funciona como mirante para a Baía de Antonina, com amplas folhas de vidro no lugar dos vãos que restaram da condição atual do edifício.

 

Busca-se um aproveitamento da estética que somente o tempo possibilitou de ser construída, agrega-se valor no que antes era abandonado, na ruína. O Sociólogo George Simmel escreveu sobre a Ruína: “Uma pintura, da qual partículas de cor tenham caído, uma estátua com membros mutilados, um texto poético antigo, do qual palavras e versos se perderam - todos atuam somente a partir do que neles ainda existe de formação artística ou daquilo que a fantasia pode construir baseando-se nesse resto: sua visão não constitui nenhuma unidade estética, ela não oferece nada mais que uma obra de arte subtraída de determinadas partes. Ao contrário, a ruína da obra arquitetônica significa que naquelas partes destruídas e desaparecidas da obra de arte outras forças e formas - aquelas da natureza - cresceram e constituíram uma nova totalidade, uma unidade característica, a partir do que de arte ainda vive nela e do que de natureza já vive nela.”.

 

Sendo assim, a idéia nesta intervenção arquitetônica foi reconhecer a obra da natureza e do tempo sobre o conjunto arquitetônico, recuperando a volumetria original, formada pelas águas dos telhados, que se transformam em arquétipos de obras de arquitetura. Essa reconstrução da volumetria original do edifício surge juntamente com a Ruína, da mesma materialidade, se mostrando em branco, demarcando a intervenção.

 

O telhado reconstruído, com telhas metálicas Brancas, se apóia em tesouras de madeira, nos dois edifícios. Estas tesouras de apóiam sobre vigas de Aço que descarregam os esforços em pilares de aço adjacentes às paredes, que possuem também a função de escorar e atirantar as paredes antigas através de prospecções internas nas paredes por tirantes de cabos de aço. O piso se constitui de assoalhos de madeira na porção do museu / galeria e revestimento cerâmico na porção sul do complexo, onde se localiza o Café.