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Cultura negra & Black influence

Conceito de Influência e evidência: Cultura negra, Black influencers e ecossistema digital negro

Quando falamos de influência, pensamos em movimento, intervenção, transformação e tomadas de decisão sobre algo ou alguém. Este conceito sempre foi muito utilizado em determinados círculos sociais, políticos, econômicos, filosóficos e culturais durante séculos. Mas num formato muito mais contemporâneo, essas ações performam em frequências e tons diferentes em plataformas digitais, especialmente em redes sociais como Facebook, LinkedIn, WhatsApp, Snapchat, Pinterest, Twitter, TikTok e principalmente no Instagram. E este meio digital é alimentado diariamente de diversidade de gênero, raça, política, racial ou orientação sexual - querendo ou não - pois ele pode e é estimulado de dentro para fora, de ecossistemas culturais para o mundo. 

Nesta constelação toda, onde fica a influência da cultura negra no Brasil e no mundo nos meios digitais?É importante citarmos alguns dados extremamente relevantes para este artigo afim de despertar uma nova consciência:

54% da população brasileira é negra (ou seja, mais que a metade da população);
Essa comunidade movimenta mais de 1,6 trilhões de reais anualmente, sendo 704 bilhões movimentados por mulheres negras;

Mulheres negras formam o maior grupo da população brasileira, representando 28,6% do total;

Quando pensamos nesses dados, e olhamos para o meio digital que falamos, conseguimos enxergar um abismo descomunal entre objetivo e realidade. Temos então aqui um caminho a traçar: Influência, Marketing de Influência e Relevância. Por que marcas, empresas e produtos deveriam estar olhando para a comunidade negra? Se tratando de branding, publicidade e comunicação, essas marcas estão falando com esses públicos? 

94% das pessoas negras não se sentem representadas em propagandas; 
61% comprariam de marcas que as reapresentassem;
85% preferem marcas que incentivam a diversidade;

Aqui é onde precisamos reforçar o por que olhar para esse ecossistema tão importante. Quando falamos de influência, black influencers e o mundo digital negro têm um papel fundamental de duas vias: de trazer representatividade para um grupo cultural que clama por ser notado numa sociedade racista em diversos âmbitos, e também de traduzir outras necessidades de uma comunidade para empresas serem mais inclusivas. Ou seja: os creators, que detém influência e muitas vezes o poder de evidência são os tradutores culturais desse ecossistema. Nomes como Camilla de Lucas, Jhon Drops, Magá Moura, Thelma Assis, Agnes Nunes, entre tantos outros têm o poder de ditar tendências, movimentos e comportamentos na sociedade, de dentro para fora. 

Numa onda ainda presente, temos um outro fluxo importante: o da evidência, que funciona de fora para dentro. Grandes nomes que podem parecer distantes como Beyoncé, Michael B Jordan, Lewis Hamilton, entre outros, também cumprem o papel   cruzando os conceitos de evidência e influência. Black Panther contam com um elenco negro é a 5å maior bilheteria dos filmes da Marvel na história da humanidade. "Formation" de Beyoncé atingiu 225 milhões de views em 3 anos online no YouTube e foi uma das suas primeiras obras sobe negritude. Jay-Z foi o primeiro artista de hip hop a se tornar bilionário, sendo reconhecido pela Forbes. Tudo indica que esse é o jeito antigo de influenciar, mas pensando num ecossistema cultural negro, ele ainda é tão necessário quanto o novo jeito. A evidência faz o conceito, a ideia, a luta chegar em mais lugares para mais pessoas negras, que passaram séculos fora da zona de informação. Assim, podemos dizer que no ecossistema negro, a evidência se alimenta da influência, e vice-versa, para que o impacto sócio-cultural seja efetivo, assertivo, justo e consciente.

Influência não é nada sem diversidade. Para além do universo negro, a diversidade traz mais opiniões, mais opções, mais compreensão, o que traz resultados mais assertivos para marcas e empresas, seja através de produtos ou de conteúdo. Dessa forma é possível agregar outras fatias do bolo que são tão significativas para o mercado  e economia no geral. Vale dizer que a Geração Z é um vetor importante para que essas as diversidades se cruzem, onde o meio digital é o principal ambiente para essa efervescência. 

Aqui, vale ressaltar que tendências, pesquisas de mercado e reports diversos esquecem que pessoas negras não fazem parte da compilação e análise desses dados até hoje. São poucas empresas, marcas e agências que consideram esse ecossistema. Sendo assim, simplesmente aplicar ferramentas e processos já que funcionam para outros grupos raramente funcionam, podendo inclusive ser desastrosos para os índices de confiança e reputação de empresas. Apesar de minorias cruzarem algumas lutas e coexistirem uma nas outras, pessoas negras têm necessidades diferentes de pessoas LGBTQIA+, que tem necessidades distintas de PCD’s, e assim por diante. Cabe ao mercado editar e agregar um novo olhar para entender quais influencers podem ajudar nessa jornada, quais projetos e iniciativas podem impulsionar novos movimentos, que atitudes drásticas são necessárias para quebrar ciclos viciosos e preconceituosos de dentro para fora.
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